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Em debate, Tarcísio ignora atraso do governo federal na compra de vacinas

13.set.2022 - Tarcísio de Freitas (Republicanos) em debate do UOL, Folha e TV Cultura - Arte/UOL sobre Reprodução/Youtube
13.set.2022 - Tarcísio de Freitas (Republicanos) em debate do UOL, Folha e TV Cultura Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Youtube

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

14/09/2022 00h43Atualizada em 14/09/2022 08h33

O candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) ignorou o atraso na compra de vacinas pelo Ministério da Saúde ao comentar a atuação do governo federal na imunização contra a covid-19 durante a pandemia. A declaração imprecisa foi dada em debate promovido por UOL, Folha e TV Cultura, na noite desta terça-feira (13). A demora na compra de imunizantes é apontada pelo relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, do Senado.

O candidato, que foi ministro da Infraestrutura durante o governo Jair Bolsonaro, afirmou:

"O governo federal assinou o primeiro contrato para a compra das vacinas para o covid em agosto de 2020. Quando a vacina ainda não era uma realidade. A gente ainda não sabia se ela ia ser desenvolvida, se ela ia ter eficácia, esse contrato com a AstraZeneca previa inclusive a transferência de tecnologia.

Por que a declaração é imprecisa? O relatório final da CPI afirma que, apesar do anúncio da parceria entre o governo federal e a AstraZeneca e a Universidade de Oxford, no fim de maio de 2020, para produção de imunizantes contra a covid-19, o Planalto deixou de responder a oferta de imunizantes pela Pfizer e o Instituto Butantan. Segundo o documento, o governo federal "postergou ao máximo a conclusão das negociações" para a compra dos imunizantes.

O CEO da Pfizer na América Latina, Carlos Murilo, chegou a dizer durante depoimento na CPI da Covid que o governo brasileiro iniciou as tratativas em maio de 2020, mas ignorou por três vezes as ofertas de vacinas em agosto do mesmo ano.

A imunização contra a covid-19 começou em 17 de janeiro de 2021, mas o relatório da CPI concluiu que dezembro "seria o mês que o Brasil deveria ter iniciado a vacinação, caso houvesse fechado os contratos da Pfizer e CoronaVac".

Tarcísio acerta sobre cobertura vacinal e início da aplicação das doses

Ainda ao comentar a atuação do governo federal na pandemia, Tarcísio acertou ao dizer que o Brasil começou a imunização antes da Coreia do Sul e do Japão.

80% da população brasileira tem o esquema vacinal primário completo, isso fez com que o caso de vacinação, o nosso 'case' de vacinação fosse um sucesso ao redor do mundo. A gente se saiu melhor do que vários outros países com relação à questão da covid. Nós vacinamos primeiro do que vários países desenvolvidos. Primeiro que o Japão, primeiro que a Coreia do Sul.

É verdadeiro. O Brasil imunizou 80,20% com esquema vacinal primário, ou seja, com duas doses contra a covid-19, segundo o Our World In Data.

A primeira dose no país foi aplicada em em 17 de janeiro de 2021, em São Paulo. A vacina era a CoronaVac, trazida ao país em uma parceria do Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac. O Japão começou a vacinar em 16 de fevereiro e a Coreia do Sul no dia 26.

Tarcísio, contudo, deixou de mencionar que, apesar de o Brasil ter iniciado a imunização antes, o país foi ultrapassado na cobertura vacinal pela Coreia do Sul (86%) e pelo Japão (82%), também de acordo com dados do Our World In Data, da Universidade de Oxford.

Auxílio emergencial foi criado pelo Congresso, não pelo governo

No debate, Tarcísio de Freitas errou ao afirmar que o auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia da covid-19 foi criado pelo governo federal.

O governo conseguiu, graças às suas ações, preservar milhares de empregos durante a pandemia, preservar milhares de pais de família, salvou muita gente da pobreza com o Auxílio Emergencial.

Por que declaração está errada? O benefício, pago no valor de R$ 600, foi resultante do projeto de lei número 1066, de autoria do Senado Federal. O governo federal chegou a cogitar o pagamento, mas no valor de R$ 200 e não formalizou a proposta.

O projeto que estipulou o valor de R$ 600 foi aprovado pelo Congresso em 30 de março de 2020, sendo sancionado com vetos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2 de abril do mesmo ano.

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