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Homem que defende 'estado de guerra' em vídeo não é general do Exército

12.jan.2023 - Homem que defende "estado de guerra" em vídeo não é general do Exército - Arte/UOL sobre Reprodução Facebook
12.jan.2023 - Homem que defende 'estado de guerra' em vídeo não é general do Exército Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução Facebook

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

12/01/2023 15h26Atualizada em 12/01/2023 15h26

Páginas bolsonaristas nas redes sociais voltaram a reproduzir um vídeo antigo no qual atribuem a fala do então vereador de Angra dos Reis (RJ) Thimóteo Cavalcanti ao general da reserva Luiz Gonzaga Lessa. Nele, o parlamentar defende o que chama de "estado de guerra" e foi registrado em 2018 durante sessão da Câmara Municipal.

O que diz o post? Em uma das postagens que voltou a reproduzir a fake news neste ano, o internauta pede para seus seguidores mandarem o vídeo para pelo menos cinco contatos a fim de, segundo ele, "desmoralizar essa política podre". A publicação tem 13 mil curtidas e 180 mil visualizações.

O vídeo, publicado em 4 de janeiro, dias antes dos atos terroristas protagonizados por bolsonaristas em Brasília, é composto por um trecho do discurso do vereador carioca acompanhado da seguinte legenda: "General Lessa, agora cedo ao vivo na Band, manda um recado duro para o STF. O recado foi dado, alto e claro".

Nele, o vereador diz que a "Constituição prevê o estado de guerra" como medida para implementar pena de morte contra membros do crime organizado e defende que "Exército e Marinha tome logo essa p*rra" - uma referência ao Brasil.

O parlamentar ainda critica que Chico Buarque e Caetano Veloso recebam o que chamou de "bolsa ditadura" e que não pagam Imposto de Renda.

Vídeo é antigo e vereador mente em afirmações. Diferentemente do que diz o post, o vídeo é de 11 de novembro de 2018, gravado em sessão da Câmara Municipal de Angra dos Reis. A reunião parlamentar continua no canal do legislativo no YouTube.

Já o vereador distorce sobre pena de morte. A Constituição prevê, sim, a execução, mas somente em caso de guerra declarada por agressão estrangeira, conforme prevê o artigo 84 da Constituição.

Sobre o que classificou de "bolsa ditadura", a referência é sobre o pagamento como reparação econômica a cidadãos que sofreram com decisões arbitrárias durante a ditadura, algo instituído pela lei 10.559/2020. Os nomes dos artistas não constam como beneficiários.

Afinal, quem é o general Lessa? Conhecido entre fakes news bolsonaristas, o general Lessa, de fato, existe. Ele é da reserva e foi chefe do Comando Militar do Leste e da Amazônia, além de presidente do Clube Militar, período quando passou a se notabilizar como um dos críticos mais ácidos ao presidente Lula desde 2018.

Naquele ano, o militar defendeu intervenção militar em caso de eleição do petista — o político pretendia concorrer à Presidência, mas acabou preso no âmbito da Lava Jato, lançando Fernando Haddad.

Em 2011, Lessa afirmou que Nelson Jobim, então ministro da Defesa, era prepotente.

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