É falso que Suprema Corte dos EUA anulou vacinação contra covid-19
É falso que a Suprema Corte dos Estados Unidos tenha anulado a vacinação universal e considerado que as vacinas contra covid-19 do tipo mRNA (RNA mensageiro) alteram o material genético dos imunizados. Não há registros de que a Suprema Corte dos Estados Unidos tenha tomado qualquer decisão neste sentido.
O pedido de checagem foi enviado por leitores do UOL Confere pelo WhatsApp, (11) 97684-6049.
Uma mensagem falsa afirma que o caso teria sido movido por Robert Francis Kennedy Jr, filho do falecido senador Robert F. Kennedy e sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy.
O texto afirma que Kennedy Jr é senador, o que não é verdade. Conhecido militante antivacina, ele é um advogado especializado em direito ambiental. A partir dos anos 2000, passou a difundir desinformação sobre vacinas, como as teses falsas de que os imunizantes causariam intoxicação por mercúrio e autismo em crianças. Atualmente, ele é presidente e chefe do conselho jurídico da Children's Health Defense.
Também não há qualquer sinal de processo na Suprema Corte que contenha os nomes de "Bill Gates, Antoni [sic.] Fauci e Big Pharma" como partes interessadas, como afirma a mensagem falsa.
Vacina de mRNA não causa danos irreversíveis
A chance desse tipo de vacina alterar o DNA é nula, explica o pediatra Paul Offit, do Children's Hospital da Filadélfia, nos Estados Unidos, em vídeo no YouTube (veja aqui).
Há uma série de etapas que são inviáveis para que essa suposta alteração aconteça, diz Offit:
- Para que o RNA se ligasse ao DNA ele teria que passar pela membrana nuclear, "para o que ele teria que ter um acesso como se fosse uma chave em uma fechadura, o que ele não possui";
- Mesmo se o RNA entrasse, haveria necessidade de que sua linguagem fosse "traduzida" para a linguagem do DNA, o que exige uma enzima chamada transcriptase reversa, que o RNA mensageiro da vacina não tem;
- Além disso, mesmo que existisse a transcriptase reversa, ainda seria preciso integrar esse material genético ao DNA, que exigiria a ação de uma outra enzima, integrase, que o RNA também não tem.
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