CPI dos Atos Golpistas: ex-diretor da PRF citou dados falsos

Durante depoimento na CPMI do 8 de janeiro, o ex-diretor da PRF Silvinei Vasques citou dados incorretos sobre as operações da PRF durante o segundo turno das eleições de 2022 e sobre o Nordeste. Confira a checagem:

O que se falou muito é que a PRF, no segundo turno da eleição, direcionou a sua fiscalização para o Nordeste brasileiro. Isso não é verdade. Não é verdade porque o Nordeste brasileiro é o local em que nós temos nove estados, nove superintendências, temos a maior estrutura da PRF no Brasil, a maior quantidade de unidades da PRF.

Impreciso. A PRF possui uma superintendência em cada estado (veja aqui). Como a região Nordeste é a região com mais estados (9), possui mais superintendências. No entanto, enquanto representa 1/3 das unidades da federação e 27% do eleitorado brasileiro, o Nordeste concentrou 47% das abordagens da corporação a ônibus no segundo turno da eleição, segundo relatório do Ministério da Justiça com base em dados da PRF (aqui). Os estados com mais veículos abordados em todo o país foram Alagoas (87) e Maranhão (73), de acordo com dados internos da PRF acessados pelo UOL (aqui).

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O Nordeste brasileiro também é onde a gente tem a maior quantidade de acidentes com vítimas, de todas as regiões do Brasil.

Falso. A região que concentrou a maior quantidade de acidentes com vítimas em 2022 foi o Sudeste, com 16.643 registros. Em seguida está o Sul, com 15.905. O Nordeste está em terceiro lugar, com 11.262 (veja os dados aqui). Os dados são do painel de acidentes rodoviários da Confederação Nacional do Transporte, a partir de dados da PRF.

O Nordeste também é onde, infelizmente, nas últimas cinco eleições, foi feita a maior quantidade de prisões acerca de crimes eleitorais, nas cinco eleições.

Falso. Apenas durante as eleições de 2022, por exemplo, foram registradas 663 prisões por crimes eleitorais no país. O estado com maior registro de prisões foi o Pará (75), seguido de Minas Gerais (70), Amazonas (67), Roraima (42), Distrito Federal (40), Acre (39), Rio de Janeiro (39) e Amapá (38) (confira os dados aqui). Do total, 291 prisões aconteceram nos estados do Norte, enquanto em todo o Nordeste houve 127 prisões.

É no Nordeste também que a gente tem o maior registro de apreensão de arma de fogo.

Falso. A região com o maior número de apreensões de armas é o Sul, com 518 armas apreendidas. O dado é do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022 (veja aqui), e considera apenas o número de armas de fogo apreendidas pela Polícia Rodoviária Federal em 2021 —último período considerado no levantamento divulgado ano passado.

O Nordeste registrou 501 apreensões, o Sudeste, 488; o Norte, 375 e o Centro-Oeste, 274.

E devemos lembrar que na última eleição foi proibido, não, é? O trânsito e a aproximação de zonas eleitorais de pessoas armadas, mesmo aquelas que tinham porte - então a PRF tinha também essa obrigação - e lembrar que as polícias ostensivas trabalham com georreferenciamento e estatística.

Verdadeiro. O TSE proibiu o porte de arma nos locais de votação, assim como o transporte de armas e munições por parte de colecionadores, atiradores e caçadores nos dias do primeiro e segundo turno das Eleições de 2022, nas 24h antecedentes e nas 24h seguintes ao pleito (veja aqui e aqui).

O outro questionamento é que nós tínhamos uma fiscalização excessiva no Nordeste. Então nós tivemos 694 pontos de fiscalização no dia 30 de outubro, que foi o segundo turno da eleição. E o Nordeste, assim, junto com o Norte foram os locais em que a polícia menos realizou fiscalização. Onde mais se fiscalizou foi no Sudeste; depois, no Sul, no Centro-Oeste, e o Nordeste, empatado com o Norte, ficou em quarta posição.

Falso. Foram 911 pontos de fiscalização da PRF no segundo turno da eleição de 2022, dos quais 290 foram no Nordeste, 191 no Sudeste, 181 no Sul, 153 no Centro-Oeste e 96 na região Norte (veja aqui e aqui). Entre os dias 28 e 30 de outubro, foram abordados 2.185 ônibus no Nordeste, 893 no Centro-Oeste, 632 no Sul, 571 no Sudeste e 310 na região Norte (veja aqui).

O depoimento do ex-diretor da PRF à CPI dos Atos Golpistas também foi checado pela Lupa.

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