Nordeste teve 4 em cada 10 ônibus abordados no 2º turno eleitoral, diz PRF

O ministro da Justiça, Flávio Dino, apontou "desvios de padrão" de atuação da PRF durante o segundo turno das eleições no ano passado, direcionando mais fiscalização para o Nordeste, que concentrou 47% do total das abordagens a ônibus no Brasil. As evidências foram apresentadas hoje em um relatório da PRF.

O que apontou o relatório:

O Ministério da Justiça encaminhou um relatório com dados da PRF à CGU (Controladoria Geral da União) no qual mostra que a corporação fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, região onde o então candidato Lula (PT) venceu no primeiro turno e tinha favoritismo para o segundo.

Nas demais regiões, foram: 893 (Centro-Oeste), 310 (Norte), 571 (Sudeste), 632 (Sul). As fiscalizações aconteceram entre 28 e 30 de outubro, véspera e dia do 2º turno. Os dados mostram que houve uma desproporcionalidade nas abordagens entre as regiões, disse o ministro.

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Segundo Dino, em alguns casos, a operação do dia 30 "ultrapassou o total de operações realizadas naquele estado durante todo o ano" para o local.

À época, o Ministério da Justiça era comandado por Anderson Torres, que está preso preventivamente por suspeita de omissão durante os atos golpistas de 8 de janeiro - quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas em Brasília.

O ministro informou que houve uma decisão da consultoria jurídica do ministério de "encaminhar à PRF o entendimento de que, embora, fosse ministro de Estado na época, o delegado Anderson [Torres] também vai ter um Processo Administrativo Disciplinar em razão desses e e outros fatos que também estão sendo apurados".

Temos a comprovação de que houve desvio de padrão em relação à atuação rotineira, ordinária, a atuação normal da Polícia Rodoviária Federal.
Ministro da Justiça, Flávio Dino

Desvios de padrão apontados por Dino:

Muito mais operações na região Nordeste do que nas demais.

Mudança de planejamento: em setembro, havia um planejamento de operação para 1º e 2º turno, incluindo a alocação de recursos prevista. Mas, um planejamento específico, com mais dinheiro, foi feito em outubro, dobrando o valor.

Determinação para que a PRF atuasse, com mais rigor, em parceria com a Polícia Federal.

O planejamento inicial era de R$ 3 milhões para os dois turnos. Depois, houve uma determinação nova de um plano específico para o 2º, com mais R$ 3 milhões.
Flávio Dino, sobre planejamento de atuação da PRF no período eleitoral

Chegou a ter mais de uma intervenção para esse planejamento específico para o 2º turno, com direcionamento para o Nordeste. Era claro que ali que havia um interesse que não era costumeiro e rotineiro de todas [as operações] que a PRF participou. A forma como se deu no 2º turno foi bem diferente de todos os modus operandi anteriores da polícia.
Diretor da PRF, Antônio Jorge Azevedo Barbosa