TSE: Flávio Bolsonaro desinforma ao reduzir ação a reunião com embaixadores
O processo que corre contra Jair Bolsonaro no TSE e pode torná-lo inelegível não se resume ao fato do ex-presidente ter se encontrado com embaixadores em julho do ano passado, como afirma o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em tuíte publicado no dia 17.
Bolsonaro não responde pelo encontro em si, mas por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação para fazer afirmações sem provas contra o sistema eleitoral. O julgamento começa nesta quinta-feira (22).
O que diz o tuíte
"Antes desse encontro, dia 22, o @TSEjusbr julgará a inelegibilidade de @jairbolsonaro por ter se reunido com embaixadores. No próximo dia 29 Lula se reunirá com ditadores Maduro (Venezuela), Ortega (Nicarágua), Diaz-Canel (Cuba)...", afirma o senador.
A postagem é acompanhada de uma matéria do site Conexão Política com o título "Foro de São Paulo elogia ditaduras e cita China como fator de equilíbrio" e de uma foto do presidente Lula com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Por que é distorcido
A ação não se refere ao encontro com embaixadores em si. O processo, movido pelo PDT, alega que o então presidente Bolsonaro usou a TV Brasil, uma emissora pública, para transmitir a reunião em que fez alegações mentirosas que levantaram suspeitas sobre o processo eleitoral, além de atacar ministros do TSE e do STF. Entenda o julgamento em detalhes.
A transmissão do encontro foi retirada do ar em agosto (aqui), após decisão liminar do então corregedor-geral eleitoral, Mauro Campbell Marques, referendada pelo TSE (aqui).
Não há comprovação de fraude no sistema eleitoral brasileiro desde que as urnas eletrônicas começaram a ser utilizadas, em 1996.
O PDT também aponta violação ao princípio da isonomia entre candidaturas à Presidência. Para o partido, houve abuso de poder político no uso da residência oficial da Presidência da República e na organização do evento pelo Palácio do Planalto e pelo Ministério das Relações Exteriores. O evento aconteceu no dia 18 de julho (aqui).
O 26º encontro do Foro de São Paulo acontece de 29 de junho a 2 de julho em Brasília.
O documento-base do encontro (leia aqui) realmente cita a China como "um fator de estabilidade e equilíbrio para a região da ALC [América Latina e Caribe]"—segundo o texto, "manifestada na defesa dos princípios do Direito Internacional, em particular a não ingerência nos assuntos internos dos países latino-americanos, aos quais, além disso, tem prestado cooperação sem condicionamento político".
O texto também critica a exclusão (aqui) de Cuba, Venezuela e Nicarágua da 9ª Cúpula das Américas, as medidas aplicadas contra eles, e aponta "firmeza e avanços" nos três países. A Folha também noticiou o teor do documento-base aqui.
O evento ainda não consta da agenda de Lula. Procurada, a assessoria do presidente não respondeu se ele irá ao encontro.
O UOL Confere aplica o selo distorcido a conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.
O site Conexão Política foi apontado pelo relatório final da CPI da Covid como parte de um núcleo de produção e disseminação de desinformação durante a pandemia (leia a íntegra do relatório aqui). O Projeto Comprova, coalizão de veículos de imprensa contra a desinformação da qual o UOL faz parte, esclareceu conteúdos enganosos do site aqui, aqui e aqui.
Viralização. O tuíte do senador soma 12,1 mil curtidas, 3.455 retuítes e 215 comentários.
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