É falsa suposta 'queima de estoque' da Centauro com 80% de desconto

É falso que a Centauro esteja promovendo uma "queima de estoque" com descontos de 80% após supostamente ser vendida para a Decathlon, como afirma mensagem que circula pelo WhatsApp. A suposta liquidação é uma nova versão de um golpe já desmentido pelo UOL Confere.

A checagem foi sugerida pelo WhatsApp (11) 97684-6049.

O que diz a mensagem

O link compartilhado pelo WhatsApp leva a um suposto site de notícias chamado "g95", que simula o layout do portal g1. "Devido a crise no setor varejista, Centauro fecha as portas e se vê com grande estoque de produtos ainda parados. O novo dono da rede não se interessou pelos produtos, então a Centauro faz hoje uma grande queima de estoque com 80% de desconto. Veja como participar", diz a chamada.

O texto afirma que a Centauro trouxe ao Brasil um costume rejeitado pela Decathlon, de vender produtos importados de marcas famosas nos supermercados.

O site ainda insere no texto uma análise feita pelo jornalista Fernando Nakagawa, da CNN Brasil, sobre uma reportagem da emissora que mostra a crise no varejo após a alta dos juros.

Ao final do texto, um link direciona o leitor a um site de vendas chamado "Liquidatauro", que simula o layout do site oficial da Centauro.

Por que é falso

A Centauro confirmou que o site Liquidatauro é falso, assim como a suposta notícia no portal g95 sobre uma queima de estoque.

Também não é verdade que a marca tenha sido vendida para a concorrente Decathlon. "Esclarecemos que o liquidatauro.com é falso, assim como as notícias veiculadas em alguns canais que afirmam que a Centauro fechou as portas ou faz parte de outro grupo empresarial", disse a Centauro, em nota enviada ao UOL Confere.

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A rede de artigos esportivos ressalta que o site e o aplicativo oficial da Centauro são os canais autorizados da marca para compras online seguras (aqui).

O site g95 é o mesmo usado para desinformar sobre uma falsa liquidação da Walmart de produtos rejeitados pelo Grupo Carrefour, como mostrou UOL Confere no último dia 4 (aqui). O autor do conteúdo falso só mudou os nomes das empresas, mas manteve o golpe.

Outro indicativo de que a liquidação é falsa é o CPNJ disponibilizado no suposto site de vendas. Uma consulta na Redesim (Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios), criada pelo governo federal, mostra que o CNPJ 43.884.480/0001-20 é inválido (aqui). A Redesim é uma rede de sistemas informatizados necessários para registrar e legalizar empresas e negócios, tanto no âmbito da União como dos Estados e Municípios.

Consulta na Redesim comprova que o CNPJ é inválido
Consulta na Redesim comprova que o CNPJ é inválido Imagem: Reprodução

Uma reportagem da Bloomberg Línea, de 27 de fevereiro deste ano, noticia que a Centauro havia fechado dez lojas no país para reduzir custos e melhorar suas margens de lucro (aqui). Porém, não consta no texto que a empresa encerrará as atividades no Brasil. Além disso, na ocasião, a Centauro afirmou que não havia previsão de novos fechamentos.

A Centauro também afirma, no comunicado enviado ao UOL Confere, que, em dezembro de 2022, contava com um total de 233 lojas. Atualmente, a marca opera com 225 unidades, distribuídas em 26 Estados. "Essa revisão anual do portfólio de lojas é um movimento natural do varejo".

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A reportagem da CNN Brasil que serve de base para o comentário do jornalista Fernando Nakagawa foi publicada no site da emissora em 24 de junho deste ano (aqui). Em nenhum momento do texto ou da análise do comentarista é citada a suposta venda da Centauro, ou liquidação.

O UOL Confere tentou contato pelo telefone informado no site, mas a ligações não completaram. A reportagem encaminhou ainda email, mas não houve retorno.

Este conteúdo também foi checado por Boatos.org.

Como não cair em um golpe

Fique atento às informações da empresa em que está comprando e desconfie de promoções excessivamente vantajosas. Pesquisar sobre a suposta empresa e observar com atenção o site podem ajudar a descobrir se o conteúdo é potencialmente fraudulento. É o que orienta a assessora técnica do Procon de São Paulo, Renata Reis. Confira:

Verifique se a empresa tem endereço informado e se há Serviço de Atendimento ao Consumidor. Caso tenha, entre em contato com o número informado e veja se atende e se é verdadeiro.

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Observe se o site informa o CNPJ da empresa e se está devidamente formalizada.

Analise também reclamações sobre a empresa na internet. Verifique a reputação da empresa no site Reclame Aqui. Outra opção é consultar o Consumidor.gov.br, mantido pela Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça —para fazer uma reclamação, é preciso que a empresa esteja cadastrada na plataforma.

Se você recebeu o link da promoção por alguma rede social, verifique se o link é oficial. Golpistas costumam usar links muito parecidos aos de lojas verdadeiras para enganar. Confira a grafia do link com a grafia da empresa. Busque a promoção no site oficial da loja.

"Evite esses sites". O Procon-SP mantém uma lista de lojas virtuais (veja aqui) que foram denunciadas por consumidores, principalmente pela falta de entrega do produto comprado, e que não responderam ao serem notificadas. A lista possui 91 sites. Confira clicando aqui.

Em compras virtuais, dê preferência a pagamento em cartão de crédito. As empresas operadoras atuam como mediadores das compras e podem auxiliar a identificar a fraude e até mesmo realizar o estorno do valor.

Ao optar por pagamento por Pix ou boleto, verifique antes de concluir o pagamento se o CNPJ é o mesmo da empresa. Se aparecer o nome de uma pessoa física, ou um nome diferente da empresa identificada, há indício de fraude, alerta a assessora técnica do Procon-SP, Renata Reis.

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Caí em um golpe. E agora?

Registre o boletim de ocorrência imediatamente. A recomendação é do delegado Carlos Afonso Gonçalves, da Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de SP. No estado de São Paulo, o registro pode ser feito de forma virtual pelo site da Delegacia Eletrônica (aqui).

Faça uma reclamação contra a empresa no Procon. A orientação é da Secretaria Nacional do Consumidor. Veja quais são os canais e contatos para fazer a denúncia em cada estado do país aqui.

Entre em contato com o seu banco ou operadora do cartão de crédito para denunciar a fraude e tentar o estorno do valor.

(*) Com informações de Isabela Aleixo, do UOL Confere.

Sugestões de checagens também podem ser enviadas para o email uolconfere@uol.com.br.

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5 dicas para você não cair em fake news

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