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Homem nega ter esquartejado filhos em Ribeirão Pires (SP); julgamento é suspenso

Especial para o UOL Notícias<BR>Em São Paulo

15/12/2010 21h06Atualizada em 15/12/2010 21h13

O segurança João Alexandre Rodrigues, acusado de matar e esquartejar com a ajuda da mulher, Eliana Aparecida Antunes Rodrigues, os dois filhos dele, afirmou na noite desta quarta-feira (15) que é inocente da acusação que pesa contra ele e que foi coagido pela polícia a confessar o crime. Na sua versão, ele diz que não sabia das mortes e que sua mulher tinha afirmado que os meninos fugiram de casa.

O depoimento do segurança terminou por volta das 20h. O julgamento, que acontece em Ribeirão Pires (região metropolitana de SP), foi suspenso pelo juiz José Wellington Bezerra da Costa Neto e será retomado amanhã. Os garotos, de 12 e 13 anos, foram assassinados em setembro de 2008. O pai e a madrasta são acusados de matar e queimar os corpos das crianças.

Já Eliana Aparecida Antunes Rodrigues, em seu depoimento dado no final da tarde, apresentou outra versão. Ela confessou que ajudou no assassinato de seus enteados. A ré diz que auxiliou o marido a esquartejar os corpos e depois colocá-los em sacos de lixo e espalhar pelas ruas do bairro onde moravam.

“O João mandou pegar os lençóis e a garrafa de querosene e ele colocou fogo nos corpos”, contou a madrasta. “Depois com uma foice esquartejou os meninos e eu o ajudei.” Segundo relato de Eliana, o marido deixou para ela a tarefa de ensacar os pedaços dos corpos e jogar em pontos diferentes da cidade.

“Foram cinco sacos”, contou ela. “Três deles em coloquei em frente de casa, um outro na avenida Santo André e o último joguei na praça. Ela justificou que foi coagida pelo marido a auxiliá-lo, com a ameaça de matar o filho dela, nascido de outro relacionamento.

Na versão apresentada pela mulher, o marido matou os dois garotos por asfixia, com um saco plástico. “Ele chamou cada um e colocou um saco plástico na cabeça. Quando cheguei na cozinha os dois estavam caídos no chão”, disse.

Defesa

A defesa saiu indignada da primeira fase do julgamento. “Existe um problema de comando na condução do julgamento”, afirmou o advogado Antonio Gonçalves, defensor de segurança João Alexandre Rodrigues. “Nós protestamos e fizemos consignar em ata”, completou o advogado Reynaldo Fransozo Cardoso, que também integra a defesa do réu.

A defesa contesta os depoimentos de três testemunhas da acusação, ouvidas na parte da manhã. Na opinião dos advogados, as testemunhas fizeram um pré-julgamento dos acusados, sem uma intervenção do juiz José Wellington Bezerra da Costa Neto para evitar a irregularidade.

A mãe das crianças assassinadas, Cláudia Lopes dos Santos, saiu do julgamento chorando. Ela disse que achava que o ex-marido iria cuidar bem dos filhos.

O julgamento

Durante a primeira fase do julgamento, que terminou por volta das 12h45, foram ouvidas três testemunhas: a conselheira tutelar Edna Aparecida Ribeiro, o guarda civil metropolitano José Messias Santos e o investigador de polícia José Paulo Stade.

Os três conduziram seus depoimentos na linha de apontar o pai como autor dos homicídios e a madrasta como cúmplice. Em seguida o júri prosseguiu com os depoimentos das testemunhas arroladas pela defesa. Foram ao todo oito pessoas. O conselho de sentença é formado por sete mulheres.

O Ministério Público denunciou o casal por homicídio quadruplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver e fraude processual. Os dois acusados estão presos.