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Alagoas recebe reforço da Força Nacional para conter onda de violência

Carlos Madeiro <br> Especial para o UOL Notícias

Em Maceió

18/03/2011 07h00

O governo de Alagoas apresenta nesta sexta-feira (18) os policiais da Força Nacional de Segurança Pública que vão atuar para tentar conter a onda de violência que assola o Estado. Em 2010, foram registrados 2.226 homicídios em Alagoas, o que dá uma taxa de 71,3 mortes para cada 100 mil habitantes – quase três vezes mais que a média brasileira. O número fez o Estado ser escolhido pelo governo federal como “laboratório de ações” contra a violência.

Segundo a SDS (Secretaria de Estado da Defesa Social), parte dos 35 policiais – 10 militares e 25 da polícia judiciária – já estão no Estado, prontos para as operações. O efetivo completo deve ser fechado até a próxima terça-feira (22).

Ainda segundo o órgão, outros 50 militares da Força devem chegar até a metade de abril, após finalização de operação da tropa em Belém (PA). Os policiais devem ser mantidos no Estado por pelo menos 60 dias, com possibilidade de ampliação no prazo. O alvo de atuação será a capital Maceió.

Essa é a quinta vez que Alagoas recebe homens da Força Nacional. A primeira delas ocorreu em 2008, quando militares passaram sete meses no Estado. No início de 2009, durante pouco mais de dois meses, 65 militares vieram novamente a Alagoas. Em junho do ano passado, após as enchentes, a Força foi mais uma vez acionada para ajudar no patrulhamento das cidades atingidas pelas cheias - 20 desses militares ainda permanecem no Estado, em operações. A última presença foi da força da polícia judiciária, entre outubro e dezembro de 2010, que esclareceu 153 homicídios. Ao todo, a expectativa é que 105 homens da Força atuem no Estado.

Segundo o secretário de Defesa Social, Dário César, a Força Nacional vai auxiliar, sob orientação do Estado, a Polícia Militar alagoana no policiamento ostensivo de Maceió já a partir deste fim de semana.

Ainda segundo a SDS, os militares vão trabalhar em conjunto com o Bope (Batalhão de Operações Especiais) e Rádio Patrulha, da Polícia Militar, e com as polícias Federal e Rodoviária Federal. “A Força deve atuar no combate ao tráfico de drogas, prevenção e esclarecimento de homicídios”, informou a SDS.

Alagoas vira "laboratório"

No último sábado (12), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, esteve em Maceió e recebeu do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) o pedido de tratamento igual ao dado pelo governo federal ao Rio de Janeiro.

“Alagoas pede socorro. Nós queremos aqui uma ação prioritária como o governo fez no Rio de Janeiro. Se no Rio tinham morros que a polícia não entrava, aqui em Maceió há ruas que uma viatura não vai sozinha. Tem que ir um batalhão”, disse Vilela.

Após o encontro, uma carta de intenções entre os dois poderes foi divulgada, onde é definido que “o homicídio deve ser considerado como uma prioridade”.

Além disso, “em decorrência do Estado de Alagoas estar liderando o ranking de homicídios no Brasil, o governo federal decide escolhê-lo como laboratório nas suas ações de parceria para o combate à criminalidade.”

O Ministério da Justiça ainda se comprometeu “a realizar parceria com o governo do Estado para a instalação das primeiras 43 bases comunitárias de segurança.”

Maior índice de homicídios do país

Alagoas fechou 2010 com a maior taxa de homicídios que um Estado brasileiro já registrou: foram 2.226 assassinatos, segundo dados da SDS. Não estão inclusos no número os latrocínios (roubo seguido de morte). Em 2011, somente durante o período de carnaval, foram registradas 38 mortes.

Nos últimos anos, o Estado do Nordeste registrou um aumento assustador no número de homicídios. Em 1999, teve 552 homicídios. Onze anos depois, o crescimento foi de 303%, com os mais de 2.000 registrados no ano passado. Já em comparação a 2009, o Estado registrou uma alta de 11% no total de crimes

Segundo o sociólogo e autor do estudo Mapa da Violência, Julio Jacobo, a taxa de homicídios de Alagoas em 2010 é a maior que se tem registro em Estados brasileiros. “Na década de 80, alguns Estados chegaram próximos de 70 homicídios para 100 mil habitantes. Mas pesquisei e não encontrei nenhum Estado a chegar a 71”, disse, lembrando que a taxa alagoana é equivalente ao país mais violento do mundo. “El Salvador tem a taxa exata de 71. O segundo país mais violento do mundo é Honduras, com 67.”