Policiais civis de Alagoas fazem greve; PMs podem aderir ao movimento
Em meio a maior onda de assaltos e assassinatos da história, os policiais civis de Alagoas iniciaram, a 0h desta terça-feira (26), uma paralisação por tempo indeterminado. A categoria pede equiparação em 60% dos vencimentos de um delegado, ou seja, algo em torno de salários de R$ 7.000, além de melhores condições de trabalho. Atualmente, um agente recebe R$ 2.000.
Com a paralisação, serão mantidos apenas os serviços essenciais, como a realização de flagrantes e custódia de presos. Serviços de investigação de crimes e boletins de ocorrências estão suspensos.
Ao contrário da maioria das greves, essa já começa em desvantagem para os policiais. Atendendo a um pedido do Estado, a desembargadora Nelma Padilha, do Tribunal de Justiça, proibiu, no dia 13, qualquer paralisação da categoria, seja temporária ou por tempo indeterminado, da categoria. Ela alegou que o serviço prestado pela categoria é essencial e que a greve "traduz evidente desdém para com a ordem pública". Em caso de descumprimento, o Sindpol (Sindicato dos Policiais Civis) será multado em R$ 10 mil por dia.
“Não podemos nos intimidar com esse governo que não respeita o servidor, que não dá condições de trabalho e que é responsável pela violência que tomou conta do nosso Estado. Nós sabemos de todas as consequências e vamos até o fim, não vamos desistir”, disse o presidente do Sindpol, Carlos Jorge, que confirmou, na noite desta segunda-feira, a realização da greve.
Onda de protestos
A greve dos policiais civis vem em meio a uma onda de protestos de servidores no Estado e que pode gerar outras paralisações nos próximos dias, em especial no setor da segurança publica.
Por volta das 15h desta terça-feira (26), os policiais militares realizarão assembleia em Maceió para votar um indicativo de aquartelamento (greve). Além deles, os agentes penitenciários também devem realizar assembleias nos próximos dias para votar um indicativo de greve. Juntos, eles anunciaram que formaram o “movimento unificado da segurança pública”.
O descontentamento dos servidores aumentou após o governo anunciar, no ultimo dia 8, um reajuste de 5,91% para todos os funcionários públicos. Os policiais, assim como a maioria das categorias, alegam que estão sem aumento salarial há cinco anos e recusaram a proposta apresentada.
Servidores da educação e da saúde já realizaram, este mês, greves de 72 horas e também têm indicativo de paralisação por tempo indeterminado a ser votado nos próximos dias.
Em entrevista na última quarta-feira (20), o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) disse que a greve dos policiais civis será “inócua” já que o Estado não teria como conceder reajuste maior que os 5,91%. “Nós fizemos um grande esforço e contemplamos todos os servidores do Estado. Não podemos ir além, e não vai ser uma greve que trará qualquer mudança”, afirmou.
O secretário de Estado da Defesa Social, Dário César, também usou discurso duro para criticar a paralisação dos policiais civis. “Na última greve, eles [do Sindpol] ficaram devendo um total de R$ 100 mil em multas, e nós não cobramos. Agora vamos cobrar não só a multa por essa paralisação, como pela paralisação anterior”, disse, alegando que “os policiais serão responsáveis pelos seus atos” e assegurando que os pontos dos dias em greve serão descontados dos servidores que aderirem ao movimento.
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