Greve de rodoviários é marcada por protestos em São Luís e desacato à Justiça em Natal
Sem fechar acordo com os empresários, motoristas de ônibus de Natal e São Luís decidiram manter greve nesta quarta-feira (16). Em Natal, a paralisação dos rodoviários entrou no terceiro dia sem nenhum coletivo nas ruas, apesar da Justiça ter determinado que pelo menos 50% da frota circulasse.
Já em São Luís, o movimento grevista entrou no segundo dia, também com o descumprimento de determinação do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), que obrigou que metade dos ônibus prestassem serviço. Houve registro de protesto da população e depredação de quatro ônibus nesta manhã.
Sem circulação de ônibus urbano, a população natalense enfrentou mais um dia sem transporte coletivo. Segundo o Seturn (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros do Município do Natal), 450 mil passagens deixaram de ser vendidas desde segunda-feira, e as empresas acumulam prejuízos.
“Essa perda, aliada ao problema causado à população, é inestimável, pois todo mundo está sendo prejudicado com a greve. O trânsito em Natal nos horários de pico está bastante complicado, pois quem tem carro e pegava condução coletiva para ir ao trabalho tirou os veículos das garagens”, disse o diretor de comunicação do Seturn, Augusto Maranhão.
O Seturn informou que nesta quarta-feira (16) vai apresentar à Semob (Secretaria de Mobilidade Urbana) “os abusos cometidos pelos grevistas”. “Vários boletins de ocorrência foram registrados com as ameaças aos trabalhadores que não participam da paralisação”, disse.
Sem ameaças
Segundo o Sintro/RN (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Rio Grande do Norte), filiado à CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), confirmou que grevistas estão descumprindo a liminar judicial que determinou que os motoristas tirassem das garagens 50% da frota nos horários normais e 70% em horários de pico.
A diretora do setor jurídico do Sintro/RN, Maria das Graças Batista, negou que o sindicato esteja fazendo ameaças e destacou que “são os próprios rodoviários que estão irredutíveis a cumprir a liminar”.
Segundo a diretora, os empresários não apresentaram proposta satisfatória, e a categoria decidiu manter a greve. “A direção do sindicato está tentando sensibilizar os motoristas para que cumpram a liminar, mas não estamos obtendo resultado”, informou Batista.
De acordo com o Sintro, a categoria quer pressionar os empresários a reajustar os salários em 14,3%, além do aumento do valor pago em vale-alimentação que estaria sem aumento desde 2010.
Os empresários oferecem reajuste aos rodoviários de 4,88%. De acordo com o Seturn, os empresários contabilizaram que não tem condições de oferecer 6% sem ocorrer aumento do valor das passagens.
A prefeitura do Natal informou ontem que não vai liberar o aumento do valor das passagens para “resguardar a capacidade financeira da população”.
Por meio de nota, a prefeitura criticou também a paralisação de 100% dos ônibus. “A forma de greve é injusta com 100% da frota paralisada, uma vez que está prejudicando os serviços públicos essenciais, como escolas e postos de saúde, como também a vida dos trabalhadores de um modo geral”, disse a prefeita Micarla Sousa (PV).
Protestos em São Luís
Em São Luís, a paralisação entrou no segundo dia com protestos da população, que depredou quatro ônibus para reclamar pela demora da circulação. Estima-se que cerca de 45% da frota esteja circulando.
Os ônibus foram depredados no bairro Cidade Olímpica, na manhã desta quarta-feira (16). A população também reclamou que os motoristas estão passando pelos pontos de ônibus, mas não estão parando.
Os manifestantes jogaram pedras nos ônibus e quebraram vidros. Eles também atearam fogo em um dos veículos, mas o fogo não se alastrou e atingiu apenas a cortina que fica atrás da cadeira do cobrador. Ninguém saiu ferido.
O TRT/MA determinou que rodoviários e empresários entrem em acordo até esta quinta-feira (17), caso contrário vai julgar o dissídio coletivo.
Nesta tarde, representantes do Sttrema (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão), filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores), e do SET (Sindicato das Empresas de Transporte) vão se reunir para uma nova negociação.
Os rodoviários querem o reajuste salarial de 16% e a redução da jornada de trabalho de oito para seis horas diárias. Com a greve, o desembargador do TRT/MA, Gerson de Oliveira Costa Filho, determinou greve os rodoviários mantenham 50% da frota em circulação.
A liminar contém ainda medidas que proíbem protestos com a realização de “operações tartaruga, catraca livre e piquetes, que possam resultar em tumulto ou em prejuízo à paz social.”
Dados fornecidos pela SMTT (Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte) ao TRT informaram que a frota em circulação nos dias úteis é de 640 ônibus, mas não confirmação de quantos estão em circulação.
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