Negros gastam mais tempo para se deslocar de casa para o trabalho, aponta IBGE
Os brasileiros demoram cada vez mais para chegar ao trabalho. A Pesquisa Síntese de Indicadores Sociais, divulgada nesta quarta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra, no entanto, que pretos e pardos (na classificação do IBGE, pretos e pardos são subdivisões raciais que representam os negros) demoram mais para fazer o trajeto casa-trabalho. Esta situação foi constatada em todas as regiões do país.
Os percentuais mais acentuados aparecem no Sudeste, onde 11,4% dos brancos levam mais de uma hora no deslocamento e 15,3% dos pretos e pardos se encontram na mesma situação. Na região metropolitana de São Paulo, estes percentuais sobre para 21,2% para os brancos e 26,9% para os pretos e pardos. Na cidade, somente 41,4% dos brancos e 36% dos pretos e pardos conseguem chegar ao trabalho em menos de 30 minutos.
Já na região metropolitana do Rio de Janeiro, apenas 39,4% dos brancos e 39,6% dos pretos e pardos vão ao trabalho em menos de 30 minutos. Por outro lado, 20,6% dos brancos e 24,1% dos pretos e pardos levam mais de uma hora nesse deslocamento.
Brasileiros que gastam mais de 30 minutos no percurso casa-trabalho por raça
2001 | 2011 | |
Brancos | 28,8% | 31,8% |
Negros | 33,6% | 36,6% |
- Fonte: IBGE
Por sua vez, a região Norte é a que apresenta os menores percentuais. Apenas 7,2% dos brancos e 7,7% dos pretos e pardos demoram mais de uma hora para chegar ao trabalho.
Quando se compara o ano de 2011 com o de 2001, a situação piorou tanto para brancos quanto para pretos e pardos. Entre esses anos, o percentual de brancos que demoram mais de 30 minutos trajeto casa-trabalho aumentou de 28,8% para 31,8%, enquanto o percentual de pretos e pardos que se encaixam nessa categoria subiu de 33,6% para 36,6%.
Homens demoram mais
Entre 2001 e 2011, o percentual de homens que levam mais de 30 minutos para se deslocar de casa ao escritório aumentou de 32,7% para 35,2%, enquanto, para as mulheres, o crescimento foi de 27,9% para 32,6%. De acordo com a pesquisa, no grupo dos 35,2% homens que levam mais de 30 minutos para chegar ao trabalho, 10,2% demoram mais do que uma hora – um pequeno aumento ante os 9,9% de 2001. No caso das mulheres, houve um aumento mais significativo – de 7,6% para 9,2%.
Brasileiros que gastam mais de 30 minutos no percurso casa-trabalho por sexo
2001 | 2011 | |
Homens | 32,7% | 35,2% |
Mulheres | 27,9% | 32,6% |
- Fonte: IBGE
A região Sul é a que apresenta o maior percentual de pessoas que levam até 30 minutos nesse deslocamento – 76,4% para os homens e 77,9% para as mulheres. Em seguida, vêm as regiões Norte e Nordeste – na primeira, 68% dos homens e 74,2% das mulheres gastam até 30 minutos para ir ao trabalho, e, na segunda, esse percentual é de 68,6% para os homens e de 72,4% para as mulheres.
Na região Sudeste, a mais populosa do país, 58,1% dos homens e 60,4% das mulheres levam até 30 minutos neste deslocamento, mas os percentuais mudam um pouco nas grandes regiões metropolitanas.
Em São Paulo, somente 39,3% dos homens e 39,5% das mulheres levam até 30 minutos no trajeto, enquanto 23% e 24%, respectivamente, demoram mais de 1 hora para chegar ao trabalho. No Rio de Janeiro, 23,4% dos homens e 21,2% das mulheres levam mais de 1 hora para ir ao escritório, e só 37,2% e 42,4% demora menos de 30 minutos.
Como uma possível causa para o aumento do tempo de deslocamento dos brasileiros entre a residência e o trabalho, a pesquisa do IBGE cita o desenvolvimento interno e a política de incentivo à indústria automobilística – sobretudo por meio da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) –, o que provocou maiores congestionamentos e mais lentidão para os motoristas.
Mais sobre indicadores sociais
- IBGE aponta que 58% dos brasileiros têm carências sociais; novo indicador de pobreza considera qualidade de vida
- Proporção de mulheres chefes de família cresce mais do que quatro vezes em 10 anos, diz IBGE
- Quase 5 milhões de crianças estão expostas a riscos de doenças por falta de saneamento, diz IBGE
- Em 2011, dois terços dos casos de violência contra mulher foram presenciados pelos filhos
- Quase 40% das mulheres em idade fértil no Brasil ainda não tiveram filhos
- IBGE: 37,9% dos jovens brasileiros abandona estudos precocemente; na Europa, índice é de 16,9%
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.