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Pedreiro confessa a morte dos pais, de uma irmã e de um sobrinho com martelo e marreta

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

09/12/2012 20h59

O pedreiro Luiz Flores, o Liquinha, 38, confessou à polícia, neste domingo (9) à tarde, ter matado os pais, uma irmã e um sobrinho com golpes de martelo e marreta, na noite da sexta-feira (7), em Penha (140 km de Florianópolis).

Ele está preso na delegacia de Piçarras (120 km de Florianópolis). Segundo o delegado Rodolfo Valente Farah Filho, nesta segunda-feira (10), será feita uma reconstituição do crime, sem a presença dos demais familiares.

Liquinha surprendeu os policiais ao contar que a primeira vítima foi a mãe. Ele a levou para um matagal e a matou, voltando para casa para atacar os demais.  A polícia trabalhava com a hipótese de que o assassino teria matado a mulher depois por ela ter presenciado os outros assassinatos.

O pedreiro disse à policia que "a bronca era com a irmã [Leopoldina]". "Mas sabia que se a matasse minha mãe ficaria braba", disse o pedreiro ao UOL.

Liquinha é um dos 11 filhos do casal Luiz Flores, 72, conhecido como "seo Lica", daí o apelido de Liquinha, e Carmen, de 69.

Ele vivia com os pais, a irmã Leopoldina Carmen, 41, e o sobrinho Pedro Henrique, de 10, filho de Leopoldina, na casa 231 da rua Tijucas, onde aconteceram os crimes.

Entrevista antes da confissão

Pouco antes de confessar o crime, Liquinha falou com a reportagem do UOL, às 9h30 deste domingo, do lado de fora da igreja São Judas Tadeu, onde era realizado a missa de corpo presente de seus parentes. Ele negava o crime.

O até então suspeito estava muito agitando e evitava olhar para a altar.

"Você acha que fui eu, não acha? Pois não fui", disse Liquinha ao UOL. "Todos aqui acham que fui eu? Pois vou provar minha inocência!"

Liquinha afirmou que iria se "defender desta injustiça". "Eu disse para o delegado: "Me mostra quem foi que eu mato o vagabundo na hora!'"

Liquinha foi sempre o único suspeito da polícia porque só ele estava na casa durante o massacre. Ele foi encontrado com as roupas sujas de sangue e entregou à polícia um martelo igualmente sujo.

"O martelo sujo de sangue? Eu peguei do chão para entregar ao delegado. Minha roupa suja de sangue? Uma pessoa tem que recolher o pai morto do chão, foi aí que me sujei",  afirmou.

Perguntado sobre quem poderia, então, ter cometido o crime ele disse que não saberia responder. "Só sei que eu amava minha mãe", disse. Nesse momento, ele parou de falar e chorou, limpando as lágrimas com a manga da camisa.

Problemas com drogas

A polícia apurou, logo na noite do crime, que Liquinha era viciado em crack. Ele também negou a informação ao UOL.

"Não sou mais viciado, pode ver que estou limpo", disse ao abrir os braços. Irritado, ele disse que as drogas fariam parte do passado. "Droga para mim é passado, graças a Deus", afirmou para, na sequência morder os lábios e esfregar a boca com braço.

Durante a entrevista, uma mulher jovem veio e o abraçou. "Estou do teu lado", disse a mulher. Ele agradece. ]

Em seguida, uma de suas irmãs, Carminha, perguntou se ele havia comido e dormiu bem. "Tomei um café", respondeu.

Ele iria viajar

Liquinha então pediu para ser fotografado sobre sua moto. "Hoje à tarde eu vou perguntar pro delegado [tinha sido intimado a ir à delegacia às 14h] e perguntar pra ele se estou limpo. Se ele deixar, vou para Londrina visitar minha namorada", disse, horas antes de confessar os crimes.

Perto das 10h ele interrompeu a conversa e foi ajudar familiares a colocar os quatro caixões dentro dos carros da funerária. Ele então subiu em sua moto e acompanhou o cortejo para o cemitério da Praia Grande.

A viagem durou 20min. Às 10h45, quando os caixões dos pais são levados pelos irmãos e amigos, Liquinha desapareceu.

Uma irmã dele disse que "ele [Liquinha] não tá aqui porque não conseguiu suportar o resultado do que fez, a ficha caiu, acho que agora já entendeu e vai confessar".

Depois do enterro, alguns irmãos e cunhados foram à delegacia com ele. Liquinha já estava há 48 horas sem dormir direito, mas ainda muito agitado.

Um policial disse acreditar que ele estava sob o efeito de drogas.

Os irmãos reconheceram nele os sintomas: "Ele sempre teve este problema de drogas", disse a irmã Carminha.

Na sequência, ele falou com o delegado e confessou o crime.