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Na Rocinha (RJ), moradores protestam contra construção de teleférico; PM bloqueia rua de Cabral

Moradores da comunidade da Rocinha participam de passeata em direção à casa do governador Cabral - Roberto Moreya/EXTRA/Agência O Globo
Moradores da comunidade da Rocinha participam de passeata em direção à casa do governador Cabral Imagem: Roberto Moreya/EXTRA/Agência O Globo

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

25/06/2013 17h52Atualizada em 26/06/2013 00h01

Cerca de 1.000 pessoas protestaram contra a construção de um teleférico na Rocinha, no Rio, na noite desta terça-feira (25). Uma das principais obras do PAC 2, o teleférico vai receber investimentos de R$ 1,6 bilhão do governo federal. Os moradores seguravam uma faixa com as palavras "saneamento, sim; teleférico, não" à frente.

Os manifestantes chegaram à rua da casa do governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), mas a PM bloqueava a entrada da via. O grupo deixou o local pacificamente e voltou para a Rocinha.

Cerca de 400 PMs acompanharam a manifestação. O grupo que saiu da Rocinha --de cerca de 600 pessoas-- se uniu a outro que estava no Vidigal. A organização do ato pediu que ninguém usasse máscara e orientou os manifestantes a sentarem caso ocorresse algum ato de vandalismo para facilitar a ação da polícia.

"As obras do PAC 1 ainda não foram finalizadas e já querem começar o PAC 2. Com teleféricos e escadas rolantes enquanto tem lugares na comunidade que não têm esgoto. Do que adianta ter um teleférico para turista ver? Ninguém nos perguntou. Precisamos de saneamento, mais médicos na UPA e mais escolas", afirmou Érica Santos, 21, estudante de administração na PUC-Rio e uma das organizadores do protesto.

Mapa dos protestos

  • Clique no mapa e veja onde aconteceram os principais protestos no Brasi até agora

Ela criou uma página no Facebook, com o estudante de design Dênis Neves, 25, também da PUC-Rio. Érica e Neves são moradores da Rocinha. Antes do início da passeata, eles criticavam políticos locais que, segundo eles, tentavam tirar proveito do ato.

Aniete Correia, 61, aposentada foi à manifestação com o neto. "A Rocinha já é muito marcada pela violência, as pessoas têm medo de participar das manifestações. O teleféricos é para gringos, não para a comunidade. A gente quer mais esgoto, saúde, somos contra obras para inglês ver".

No dia 14 deste mês, a presidente Dilma Rousseff foi ao Complexo Esportivo da Rocinha para anunciar investimentos de US$ 1,6 bilhão na favela. O lançamento do PAC 2 ocorreu sem que obras do PAC 1 tenham sido concluídas na comunidade. Está prevista a construção de um teleférico com seis estações semelhante ao que existe no Complexo do Alemão, na zona norte.

Trajeto

O grupo começou a caminhada pela avenida Niemeyer, importante via de ligação entre São Conrado e o Leblon, que, segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, ficou fechada nos dois sentidos. Eles seguiram até a favela do Vidigal e chegaram na rua Aristides Espinola, onde mora o governador Sérgio Cabral (PMDB), no Leblon.

Protesto de moradores da Rocinha

Alguns moradores de prédios vizinhos a Rocinha, em São Conrado, piscaram as luzes em apoio aos manifestantes.

O shopping Fashion Mall, que concentra lojas de luxo, está fechado para o público desde o início da tarde e portas de vidro foram cobertas com tapumes de madeira. A passeata não deverá passar perto do local.

Estabelecimentos na estrada do Galeão, na Ilha do Governador, próximo ao aeroporto internacional Antonio Carlos Jobim, também amanheceram cercados por tapumes por conta de rumores de protestos na região. (Com Band e Agência Brasil)

OS PROTESTOS EM IMAGENS (Clique na foto para ampliar)

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  • Em Brasília, manifestantes conseguiram invadir a área externa do Congresso Nacional

  • Milhares de manifestantes tomaram a avenida Faria Lima, em São Paulo

  • Após protesto calmo em SP, grupo tentou invadir Palácio dos Bandeirantes, sede do governo

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