Desaparecimento de PM em SP completa um mês: 'Morrendo por dentro', diz pai
O desaparecimento do policial militar de São Paulo Luca Romano Angerami, 21, completou um mês na terça-feira (14). O PM foi visto pela última vez no dia 14 de abril, em uma adega na comunidade Santo Antônio, no Guarujá, litoral de São Paulo.
O que aconteceu
O pai do PM pediu orações e disse que está "morrendo por dentro". Renzo Angerami, que é investigador da Polícia Civil de São Paulo, fez o desabafo no início do mês, em um vídeo publicado nas redes sociais. O soldado desparecido é de uma família tradicional de policiais. O avô, Alberto Angerami, foi delegado-geral adjunto e presidente do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Hoje está aposentado.
De novo eu vou pedir, cara. Só que agora eu vou pedir para as pessoas de bem. Rezem muito, continuem rezando. Eu estou enfraquecendo por dentro, entendeu? São muitos dias. Foi dia 14 de abril, hoje é dia primeiro [de maio]. Faz 17 dias que estou morrendo por dentro.
Renzo Angerami
Renzo Angerami também cobrou empenho na investigação do caso. "Milagres são perfeitamente plausíveis. Querendo ou não, as investigações continuam. Eu tento não atrapalhar porque é horrível a pressão".
Apesar de manter a esperança de encontrar Luca, o pai diz que, por ser policial, teme que o pior aconteceu. "Meu filho foi vítima de uma violência descabida, de uma desumanidade. A saudade é diária". A declaração foi feita em entrevista ao Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, no último 11.
Nove suspeitos de participação no desaparecimento já foram identificados e presos. O sumiço do policial militar segue em investigação pela Polícia Civil com apoio da Polícia Militar, informou a Secretaria da Segurança Pública.
Último suspeito foi detido na sexta-feira (10). Um homem de 41 anos foi capturado por PMs em cumprimento a mandado de prisão temporária expedido pela Justiça de São Paulo.
Durante as buscas pelo PM, oito corpos já foram localizados. Além disso, outros dois conjuntos de vestígios genéticos foram encontrados. No dia 27 de abril, peritos foram até um ponto específico do Morro da Baiana, no Guarujá, recolher vestígios genéticos em uma cova. Ainda não há como aferir se são humanos. Já dia 30 de abril, policiais civis encontraram uma cova com vestígios de um cadáver na Rua Argentina, no bairro Jardim Vitória.
Polícia trabalha com a hipótese de que o PM tenha sido executado. Informação é do delegado à frente do caso, Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais de Santos. Ele disse que Luca Romano Angerami "foi executado covardemente por criminosos". Declaração foi feita à TV Tribuna, afiliada da TV Globo. "Ele foi executado covardemente por criminosos, integrantes do PCC, que atuam na região no tráfico de drogas, e mataram o policial. E decidiram matar esse policial pelo simples fato de ele ser policial. Então, um ato covarde desses criminosos", afirmou.
A morte do PM não foi confirmada pelo governo de são Paulo.
Preso mentiu sobre sumiço de PM para proteger PCC
O preso Edivaldo Aragão, 36, mentiu sobre o desaparecimento do PM. Ele foi denunciado à Justiça por impedir e embaraçar investigações envolvendo a organização criminosa.
Aragão tinha objetivo de atrapalhar a investigação do caso. Segundo a Polícia Civil e o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), ele mentiu às autoridades com a intenção de atrapalhar as investigações sobre o paradeiro do soldado e de proteger os verdadeiros envolvidos no sumiço do policial militar.
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Quero receberA reportagem não conseguiu contato com o advogado de Edivaldo Aragão. O espaço permanece aberto para manifestações, e o texto será atualizado caso haja um posicionamento.
O preso afirmou em depoimento à Polícia Civil que participou do sequestro da vítima. Acrescentou que o militar foi levado para São Vicente, onde acabou morto e teve seu corpo jogado da Ponte do Mar Pequeno.
Pistas ajudaram a polícia a descobrir mentira. Policiais civis traçaram o trajeto feito pela vítima e constataram, por meio de relatos de testemunhas e imagens de câmeras de segurança, que Angerami nem sequer saiu do Guarujá na noite do desaparecimento e, portanto, jamais foi levado para São Vicente.
Os agentes concluíram que o PM foi até uma adega no Guarujá na noite de 13 de abril e lá ficou com amigos e uma irmã. Angerami estava armado e foi alertado por conhecidos que traficantes de drogas descobriram que ele era policial.
Um relatório da Polícia Civil diz que o soldado ficou na adega até as 5h55 do dia 14 de abril. Depois, seguiu de carro até um ponto de venda de drogas e foi "rendido violentamente" nas imediações da esquina das ruas Magnólias e Violetas, no Guarujá.
O carro do PM, um Corolla de cor prata, foi encontrado na rodovia Cônego Domenico Rangoni, no Guarujá. O veículo estava aberto, com as chaves no porta-malas e sem o estepe.
Mentira tirou foco das investigações. Para a Polícia Civil, a mentira contada por Aragão, além de retardar as investigações do caso, tirou o foco de dezenas de policiais militares e civis e de mergulhadores que se deslocaram para São Vicente, onde concentraram os trabalhos na tentativa de encontrar o policial.
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