No Nordeste, Fernando de Noronha (PE) e Fernando Falcão (MA) têm abismo social
A ilha de Fernando de Noronha (a 550km da costa de Pernambuco e a 375 km do Rio Grande do Norte) e o município de Fernando Falcão (542km de são Luís) se assemelham apenas pelo prenome. Os locais ocupam o primeiro e o último lugar no Nordeste, respectivamente, nas notas do IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal).
Segundo dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, Noronha obteve nota 0,788 no IDHM – número classificado como “alto” na faixa de desenvolvimento humano. Já Falcão ficou na lanterna, com 0,443, e ocupa a classificação “muito baixo”. A lista foi elaborada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e divulgada nesta segunda-feira (29).
Noronha
Com belezas naturais exuberantes, o arquipélago de Fernando de Noronha aproveita o cenário paradisíaco de biodiversidade preservada nas 20 ilhas e rochedos que compõem o local para o turismo sustentável.
De acordo com a administração local, grande parte dos empreendimentos é voltado para o turismo e o segredo para o crescimento do desenvolvimento é controle populacional e ambiental.
As regras para morar na ilha são rígidas para que o número de turistas seja em média igual ao de habitantes para a economia se fortalecer. Para visitar Noronha, o turista tem de pagar taxa de permanência por dia (R$ 45), além de taxas para fazer trilhas e mergulho nas áreas de proteção (valores variam entre R$ 10 a R$ 90).
“Conhecia Noronha por fotos de amigos que vinham a passeio aqui. Depois que fiquei viúva comecei a viajar para sair da tristeza que tomou conta da minha vida e num dos roteiros vim num cruzeiro a Noronha e, tive a certeza que era o lugar para morar. Aqui tudo é muito organizado, do bichinho de estimação ao trabalho que temos. Ninguém mora na ilha por morar, tem de vir a trabalho e gerar renda”, disse a empresária Márcia Calado, 57, que mora na ilha há cinco anos.
O 17km² de área, Noronha possui cerca de 2.100 residentes e um fluxo de 2.000 turistas por mês. A rota viária possui 7,9 km de extensão e é composto pela BR 376, que liga o porto ao aeroporto. Em torno desses locais ficam os núcleos habitacionais, e ruas secundárias que dão acesso às praias e a todas as áreas habitadas de Fernando de Noronha.
Segundo a administração da ilha, a reponsabilidade da educação e da saúde compete ao governo de Pernambuco, a qual a ilha é anexada desde 1988.
Entenda a escala
“Aproximadamente 180 alunos se encontram matriculados na Escola-Bem-Me-Quer, no ensino da pré-escola, e 630 na Escola Arquipélago, no ensino Fundamental e Médio. Logo, mais de 1/3 da população noronhense é parte integrante da única rede de ensino disponível no arquipélago. A rede pública estadual”, destacou a administração da ilha.
O complexo da saúde da ilha é formado por serviços de urgência e emergência em hospital, equipes do PSF (Programa de Saúde da Família), vigilância em saúde, coordenadoria de saúde, conselho distrital de saúde, humanização na saúde e saúde do trabalhador.
Ranking: as dez melhores
Cidade | Pontuação no IDHM |
1 - São Caetano do Sul (SP) | 0,862 |
2 - Águas de São Pedro (SP) | 0,854 |
3 - Florianópolis (SC) | 0,847 |
4 - Vitória (ES) | 0,845 |
4 - Balneário Camboriú (SC) | 0,845 |
6 - Santos (SP) | 0,840 |
7 - Niterói (RJ) | 0,837 |
8 - Joaçaba (SC) | 0,827 |
9 - Brasília (DF) | 0,824 |
10 - Curitiba (PR) | 0,823 |
- Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013
“Quando há indicação médica, o paciente é transferido para Recife para se submeter ao TDF (Tratamento Fora do Domicílio), onde recebe tratamento especializado na rede de saúde do Estado, com agendamento prévio ou reserva de leito nos hospitais referenciados, além de receberem acompanhamento de profissionais da área de saúde em enfermagem, nutrição e serviço social.”
Miséria
Localizado na região da floresta Amazônica no Maranhão, o município de Fernando Falcão tem uma realidade totalmente diferente da xará Fernando de Noronha. O município saiu com o pior desempenho entre os municípios do Nordeste e nasceu em 1997 após ser elevado à categoria de cidade, deixando de pertencer a Barra do Corda.
O município possui cerca de 9.000 habitantes dispostos numa área de 5.086,584 m², com áreas de preservação indígena.
A pobreza da cidade é relatada numa página na internet criada por moradores. Nela, são relatados problemas que vão desde a assistência médica precária, como a falta de saneamento básico, iluminação pública e estrutura nas escolas municipais.
Segundo relatos da população, os vereadores do município se reúnem uma vez por semana, em sessões relâmpagos, que não chegam a durar 10 minutos.
Segundo o portal "Transparência do Maranhão", o Bolsa Família pagou R$ 2.116.924,00 aos moradores de Fernando Falcão. Este ano o governo federal pagou na área de assistência social R$ 2.116.974,00 e apenas R$ 343.579,04 para educação.
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