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Manifestantes preparam buchada de bode contra bufê exótico milionário de Cid Gomes

Protesto está marcado para este sábado (24), na porta do Palácio da Abolição, em Fortaleza - Repródução/Facebook
Protesto está marcado para este sábado (24), na porta do Palácio da Abolição, em Fortaleza Imagem: Repródução/Facebook

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

22/08/2013 11h52

Mais de 2.000 pessoas confirmaram presença, pelo Facebook, no movimento "Buchada, sim", que critica o contrato de R$ 3,4 milhões fechado pelo governo cearense com uma empresa fornecedora de bufê, para servir a convidados oficiais comidas exóticas, como bombinhas de salmão com caviar, carpaccio de chester com manga, crepe de lagosta, creme de escargot servido em pequenas tarteletes e filé de sirigado ao Goulart.

O protesto "Buchada no Palácio" está marcado para esse sábado (24), na porta do Palácio da Abolição, em Fortaleza. Até o fim da manhã desta quinta-feira (22), 2.300 pessoas já haviam confirmado presença do ato.

Segundo um dos organizadores do evento, o universitário Paulo Júnior, a ideia do movimento surgiu após o deputado Fernando Hugo (PSDB) dar um entrevista em defesa do governador Cid Gomes (PSB), no último dia 16, alegando que a buchada não poderia ser servida a alguns convidados oficiais.

"O governador não pode oferecer buchada, panelada, sarrabulho e paçoca somente. Porque internacionalmente há pessoas que se alimentam dentro daquilo ofertado pelo cardápio", disse o parlamentar, em entrevista ao "Jornal Nacional".

"O ato foi justamente pensado nesse discurso. Por isso resolvemos organizar esse almoço lá no palácio como forma de satirizar e polemizar tanto o discurso quanto a atitude dele e do governo. Vamos mostrar a eles que temos, sim, comidas típicas que podem ser servidas nesse bufê", disse o universitário.

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O grupo também pede o cancelamento do contrato e solicita que os recursos sejam utilizados para outras finalidades, como no combate aos efeitos da seca. "Queremos o fim desses gastos desnecessários. É uma afronta ao cidadão", afirmou Júnior.

O deputado Heitor Férrer (PDT), que denunciou o contrato na Assembleia e cobra do governo explicações, afirmou ao UOL que não tem ligação com o protesto, mas apoia o ato. "Eu não faço parte desse movimento, que está nascendo nas redes sociais. Eles se movimentam, e é muito importante. É a sociedade se manifestando", disse.

Repercussão negativa

A repercussão negativa do caso levou o governador Cid Gomes a se irritar e declarar que iria cancelar as comidas exóticas "com nome francês, inglês e russo". O governo do Estado explicou, em nota enviada ao UOL, que o processo licitatório para contratação do bufê "seguiu todos os trâmites legais" e contou com 13 empresas. Ainda segundo o governo, o valor citado no Diário Oficial é pago conforme a demanda, e não existe um valor fixo ou mínimo mensal a ser pago.

"A nova licitação, com vigência iniciada no dia 1º de agosto, não corresponde ao período de um ano. O prazo deve ser aditivado --até o período de quatro ano", informou o governo. Ainda segundo o governo, os valores incluem, "além da comida, decoração, talheres, copos, pratos, toalhas, decoração, serviços de garçom, transporte, armazenagem da comida, etc.". O governo não se manifestou a respeito do protesto que está sendo marcado pela internet.