Quase um mês após invasão, grupo rende seguranças e leva ratos do Instituto Royal
Cerca de 50 pessoas invadiram, na madrugada desta quarta-feira (13), a sede do Instituto Royal, em São Roque (SP). O laboratório no interior paulista foi totalmente depredado, inclusive os carros que estavam estacionados no local.
Há quase um mês, no dia 18 de outubro, um grupo de ativistas invadiu o laboratório e levou 178 cachorros da raça beagle e alguns coelhos. Eles acusaram o instituto, que usa os animais em testes de medicamentos, de maus-tratos. O Royal nega as acusações.
Segundo a polícia, os três seguranças que estavam no local foram rendidos, amarrados e agredidos. O grupo pichou as paredes com as siglas ALF, que pode indicar o grupo de ativistas "Frente de Libertação Animal". Eles colocaram os ratos que ainda estavam no instituto em sacolas e levaram embora.
Um dos seguranças contou que os invasores chegaram por volta de 3h15 e estavam encapuzados. Ele disse que os três foram amarrados com os cadarços das próprias botas e agredidos. "Eles ameaçaram atear fogo na gente se não disséssemos onde estavam os ratos", diz sem se identificar.
De acordo com a polícia, os invasores estavam armados com facas, machados e tacos de beisebol. "Eles quebraram tudo em todos os cômodos, tentaram atear fogo no almoxarifado e depredaram três carros e uma moto que estavam no estacionamento", explica o soldado Cesar Leal, que atendeu a ocorrência.
Um desses carros era de um dos seguranças, que teve uma bolsa furtada. "Levaram meus cheques, cartões de banco e R$ 200 que eu tinha guardado. Até remédios que estavam na bolsa foram levados", diz o segurança.
Os três homens foram levados para a delegacia, onde prestaram depoimento e foram encaminhados para IML (Instituto Médico Legal) de Sorocaba, onde passarão por exame de corpo de delito.
O delegado que registrou a ocorrência de roubo e danos, Marcelo Pontes, informou que pretende verificar se existe alguma câmera de segurança na rodovia Raposo Tavares no acesso ao instituto. "Vamos tentar identificar os veículos dessas pessoas", explica.
Na semana passada, o Instituto Royal anunciou que decidiu encerrar as ativitades no laboratório. Segundo nota divulgada pelo instituto, a primeira invasão provocou "elevadas e irreparáveis perdas". O laboratório afirmou também que temia pela segurança de seus funcionários.
Prejuízo
Em entrevista coletiva no início da tarde desta quarta, a gerente geral do Instituto Royal, Silvia Ortiz, lamentou a invasão e destruição do local pelos ativistas.
Silvia disse que as pessoas agiram com muita violência e que a perda não é apenas para o instituto e sim para a ciência. "Eles destruíram o pouco que restou de muitos anos de pesquisa, uma perda irreparável", declara.
Ela disse que ainda não tem como avaliar o tamanho do prejuízo, mas disse que passa de R$ 1 milhão, já que havia equipamentos de muito valor nos laboratórios. "Havia microscópios de R$ 300 mil que foram quebrados em várias partes. Temos equipamentos que valem R$ 1 milhão. Ainda precisamos fazer uma avaliação para calcular o valor total", explica.
"Eles jogaram os animais em bolsas e sacolas", afirma a gerente sobre essa nova invasão.
"A gente espera que a polícia consiga identificar quem provocou tanto estrago e prejuízo para nós", afirma Silvia. O caso já está sob os cuidados da Polícia Civil, que registrou um boletim de ocorrência de roubo e danos. O delegado de São Roque, Marcelo Pontes, já passou todas as informações para a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Sorocaba, que já investiga a outra invasão ao instituto, em outubro.
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