Metroviários de SP mantêm greve; governo diz que liberar catracas é ilegal
Em assembleia realizada na noite desta quinta-feira (5), os metroviários de São Paulo decidiram prosseguir com a greve da categoria, que teve início na madrugada de hoje. Os trabalhadores aprovaram também a liberação das catracas para manter o Metrô funcionando e aceitaram que o ponto do dia fosse cortado para, segundo eles, minimizar os impactos da medida.
De acordo com os trabalhadores, a proposta só seria posta em prática se houvesse aprovação do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Metrô sustentou que a liberação de catracas está totalmente descartada por se tratar de medida ilegal.
Na assembleia, os metroviários também rejeitaram a determinação de manter ao menos 70% do pessoal trabalhando ao longo do dia e 100% nos horários de pico. Os trabalhadores se dividiram em grupos para fazer piquetes nas principais estações de Metrô amanhã. “Todo mundo aqui é piqueteiro. Agora, o enfrentamento é com o governo do Estado”, afirmou Altino Melo Prazeres, presidente do sindicato.
Uma nova assembleia será realizada amanhã, às 17h, na sede do sindicato, precedida de um ato na Radial Leste. Cerca de 4,5 milhões de pessoas usam diariamente o metrô. A companhia tem quase 10 mil funcionários, dois terços deles envolvidos diretamente na operação.
Sem acordo
Na tarde de hoje, nova audiência de conciliação entre representantes do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e do Metrô-SP, para tentar pôr fim à greve da categoria, terminou sem acordo. Na reunião, os metroviários reduziram de 16,5% para 12,2% o pedido de reajuste salarial. O Metrô-SP manteve o percentual de 8,9% de reajuste, já oferecido na reunião passada, realizada ontem.
“É a mesma proposta de ontem. Não temos condições de aceitar", disse Prazeres. “Queremos que o governador [Geraldo Alckmin] assuma para si o comando da negociação. Ele não pode tratar o problema dos trabalhadores como birra.”
Agora, a Justiça do Trabalho deverá decidir o futuro do movimento grevista. Na audiência de hoje, a desembargadora Rilma Aparecida Hemetério deu 24 horas para o sindicato manifestar-se sobre duas representações do Metrô. Uma pede a ilegalidade da greve. A outra pede ao tribunal que estabeleça os percentuais de reajuste e outros termos da negociação.
O julgamento da legalidade da greve estava previsto para amanhã (5). Com o prazo dado pelo tribunal, o julgamento só deverá ocorrer no final de semana ou a partir de segunda-feira. Será nomeado um relator que irá apresentar seu voto ao pleno do TRT, composto por dez desembargadores.
Com metrô e trânsito parados, paulistanos reclamam que só querem trabalhar
Até o novo julgamento, permanece válida a liminar, concedida pela desembargadora na noite de ontem, que obriga os metroviários a manter ao menos 70% do pessoal trabalhando ao longo do dia e 100% nos horários de pico. “Isso, na prática, é não ter greve. É uma opção que enterra a greve”, afirmou o presidente do sindicato.
Percentuais
Na semana passada, o Metrô chegou a oferecer 5,2% --o equivalente à inflação-- e depois aumentou a proposta para 7,8%. Diante da iminência da greve, a companhia propôs 8,9%.
Desde o início da campanha salarial, iniciada no começo de maio, o sindicato exige um aumento salarial de “dois dígitos”. Inicialmente, o pedido era de 35,5%. O sindicato afirma que escolheu este percentual de reajuste por ser o mesmo que uma comissão do Senado aprovou para os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em maio passado. Ontem, também em reunião no TRT, a categoria exigiu reajuste de 16,5%.
Na reunião de hoje, os sindicalistas concordaram com a proposta do Metrô de uma cota mensal de R$ 669 de vale-refeição.
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