Polícia espera na frente de consulado para prender advogada que pediu asilo
Uma equipe de policiais civis da DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática) passou cerca de duas horas na frente do prédio do Consulado do Uruguai, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, na tarde desta segunda-feira (21), para tentar cumprir um mandado de prisão em aberto contra a advogada Eloísa Samy, que pediu asilo político nesta manhã no local. Ela pediu asilo também para o jovem David Paixão --por quem é responsável legal-- e para e Camila Nascimento.
De acordo com o inspetor da DRCI Alberto Gomes, a advogada seria presa se deixasse o prédio. "Não vamos subir porque é território uruguaio", afirmou. Por volta das 17h, o carro da Polícia Civil deixou o local. De acordo com um dos agentes, eles se retiraram porque a situação não deve se resolver hoje. O próprio advogado que presta assistência jurídica para Eloisa Samy, Rodrigo Mondego, disse que a ativista dormirá no consulado se for necessário. "Ela só sai daqui com habeas corpus ou salvo conduto", disse.
Cerca de uma hora antes, ativistas começaram a confeccionar cartazes em apoio a Eloisa Samy e a David Paixão no local. "#SomosTodosSamy&David", "Protestar Não É Crime" e "Anistia já" são algumas das frases exibidas na calçada e na faixa de pedestres, enquanto o semáforo fica fechado para o trânsito de carros.
Investigada pela Operação Firewall, da Polícia Civil, a advogada foi um dos 23 ativistas que tiveram prisão preventiva decretada, por associação criminosa, pela 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, na última sexta-feira (18).
Segundo o advogado Rodrigo Mondego, que conversou com Eloisa dentro do Consulado, a advogada pediu asilo por se considerar uma perseguida política do Estado. "Ela disse que está tendo três direitos humanos cerceados: de julgamento justo, presunção de inocência e liberdade", disse Mondego. Eloísa falou também que foi até o Consulado em uma atitude "de desespero".
Mondego afirmou que Eloísa Samy escolheu o consulado do Uruguai pelo fato de o país ser presidido por um ex-preso político, José Mujica. "Ela entendeu que era o pais certo", relatou. O consulado informou que se pronunciará ainda hoje sobre o caso.
A advogada divulgou vídeo nesta segunda no qual afirma que não cometeu crime algum e que o Estado "atua na ilegalidade". "Um direito fundamental violado afronta todos nós. (...) Quem atua na ilegalidade é o Estado. Temos o direito de defender nossas ideias, nossos desejos de transformação para o Brasil ir além", afirma a advogada.
Ontem, o desembargador Flávio Horta Fernandes, do Plantão Judiciário, negou pedidos de habeas corpus para os 23 denunciados. Dos 18 foragidos, 11 haviam sido presos no dia 12 de julho, mas libertados no dia 17, porque sua prisão temporária não foi prorrogada. Os outros sete estão foragidos desde o dia 12.
Inquérito
O inquérito da Polícia Civil do Rio sobre atos de violência em protestos indica, segundo reportagem do jornal "O Globo" publicada nesta segunda-feira (21), que o grupo de manifestantes investigados se organizava a fim de fabricar e distribuir bombas, coquetéis molotov e ouriços (peças feita com pedaços de vergalhões).
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