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Potro é resgatado em subdistrito destruído por mar de lama em MG

Caetano Maenanti

Colaboração para o UOL, em Mariana (MG)

06/11/2015 19h04

De pé sobre imensos dutos da mineradora Samarco, centenas de moradores dos subdistritos de Bento Rodrigues e da vizinha Santa Rita Durão tentavam, durante a tarde desta sexta-feira (6), avistar qualquer sinal de vida na paisagem destruída. Fotógrafos ajudavam, usando a lente zoom de suas câmeras. Parecia em vão. Do alto, ouviam-se apenas latidos de cachorros e barulhos de outros animais, todo o resto parecia morto, revirado pela lama. 

A 500 metros da entrada do subdistrito destruído pelo rompimento de duas barragens da mineradora, dois cones e dois policiais militares tentavam constranger quem queria se aproximar da destruição, mas não impediam por completo a passagem para ver o que sobrou de Bento Rodrigues, localidade de Mariana (a 115 km de Belo Horizonte). No início da tarde desta sexta, a equipe de reportagem do UOL foi até onde havia ainda terra firme.

À beira do antigo leito do rio, hoje um caminho impreciso de pura "lama movediça", dois cavalos urravam presos na lama. A égua estava coberta até o pescoço. O potrinho, agonizava caído. Sem missão definida naquele momento, o bombeiro civil Dennis Valério passava pelo local e chamou reforço: mais de vinte homens e mulheres, entre bombeiros militares, populares e até guardas de trânsito da vizinha Ouro Preto.

"Os bombeiros trabalham com vida, qualquer forma de vida", lembrou o subtenente Selmo de Andradre, que passou a chefiar a operação.

Durante uma hora e meia de intenso esforço, picadas foram abertas na mata, engenhosos mecanismos de resgate foram construídos e os bombeiros enfiaram os pés, as pernas e o corpo inteiro na lama para salvar o potro, muito mais leve que a égua.

Era um grande esforço para salvar "um ser de Deus", como disse um dos agentes da linha de frente. Àquela altura, mais do que salvar um animal, a luta era simbólica. Em um dia tão trágico, salvar qualquer vida que fosse recarregava todos de ânimo.

"Ninguém ganha medalhas por encontrar cadáveres", gritou um outro agente, posicionado na retaguarda da missão. Uma salva de palmas comemorou o sucesso da jornada. Todo sujo e assustado, o potro renasceu da lama e se pôs de pé. Em vez de lamentar égua que ficou lá, à espera da morte certa, os voluntários comemoraram o sobrevivente de Bento Rodrigues.

Vídeo mostra rompimento de barragem e desespero

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