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Samarco rebate ONU e afirma que lama de barragem em MG não é perigosa

Boias instaladas pela Samarco tentaram conter avanço da lama que jorra da foz do rio Doce, no Espirito Santo - Fabio Braga/Folhapress
Boias instaladas pela Samarco tentaram conter avanço da lama que jorra da foz do rio Doce, no Espirito Santo Imagem: Fabio Braga/Folhapress

Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

26/11/2015 15h24

A mineradora Samarco emitiu nota, nesta quinta-feira (26), na qual afirma que o rejeito que vazou da barragem de Fundão, em Mariana (MG), no dia 5 deste mês, não oferece perigo para as pessoas.

O anúncio foi feito um dia depois de a Organização das Nações Unidas (ONU), em um comunicado, ter criticado o governo e as empresas no tocante às informações sobre as medidas tomadas depois do vazamento. 

Dois especialistas da ONU em meio ambiente e resíduos tóxicos pediram ao governo brasileiro e às empresas envolvidas “que tomem medidas imediatas para proteger o meio ambiente e a saúde das comunidades em risco de exposição a substâncias químicas tóxicas, em decorrência do colapso catastrófico de uma barragem de rejeitos no dia 5 de novembro de 2015”, trouxe texto publicado no site da organização.

A Samarco disse ter encomendado os testes à SGS Geosol Laboratórios que, segundo o boletim emitido, é especializada em análises ambientais e geoquímicas de solos. As amostras, conforme a empresa, foram colhidas no dia 8 deste mês próximo aos lugarejos de Bento Rodrigues, Monsenhor Horta, Pedras, Barretos e da cidade de Barra Longa, todas em Minas. O comunicado não faz menção à região do subdistrito de Paracatu de Baixo, que foi duramente atingido pela lama.

A Samarco disse que, após a análise de todos os parâmetros, o rejeito encontrado nas localidades foi classificado como não perigoso.

A nota informa que as amostras foram analisadas conforme a norma brasileira ABNT NBR 1004:2004. Os locais foram definidos como sendo os de coleta por estarem mais próximos de onde a barragem se rompeu.

Dentre os parâmetros estabelecidos, os testes, ainda conforme o comunicado, simularam diversas situações, “como manuseio do rejeito por qualquer pessoas sem cuidados, especiais, exposição a chuvas por vários anos e contato com água correntes, como enxurradas’.

O material também foi analisado para medir seu índice de acidez, neutralidade ou alcanilidade (ph), a corrosividade e a “possibilidade de gerar reação violenta, como uma explosão”.

A empresa que fez os testes ainda buscou determinar se havia a presença das seguintes substâncias: alumínio, arsênio, bário, cádmio, chumbo, cianeto, cloreto, cobre, cromo, ferro, fluoretos, manganês, mercúrio, nitrato, prata, selênio, sódio, sulfato, zinco, fenóis, além de coagulantes e floculantes.

Ferro e manganês

No entanto, a Samarco informou que o rejeito coletado em Bento Rodrigues “possui ferro e manganês acima dos valores de referência da norma, mas ainda abaixo dos valores considerados perigosos’.

Já nas amostras retiradas próximas das localidades de Monsenhor Horta, Pedras, Barretos e Barra Longa, foi detectada a presença de manganês ‘fora dos parâmetros, mas abaixo de valores perigosos’.

Por fim, o boletim afirma que, em razão de Mariana e Ouro Preto terem o solo “rico nestes dois elementos”, estes resultados “já eram esperados”.

“É importante ressaltar que a norma ABNT 10004:2004 utiliza valores de referência com base na realidade de todo o Brasil, inclusive em regiões de solo pobres em ferro e manganês”, finalizou o informe.