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Sem fiscalização em fronteira, vamos continuar enxugando gelo, diz governador do AM

José Melo diz não pensar em acabar com a terceirização na administração de presídios - Divulgação/Herick Pereira/ Agecom
José Melo diz não pensar em acabar com a terceirização na administração de presídios Imagem: Divulgação/Herick Pereira/ Agecom

Do UOL, em São Paulo

04/01/2017 10h15Atualizada em 04/01/2017 13h17

O governador do Amazonas, José Melo (Pros), aponta a falta de fiscalização nas fronteiras como principal causa para o fortalecimento das facções criminosas envolvidas nas rebeliões que terminaram com ao menos 60 mortos em Manaus e pede a utilização das Forças Armadas nas divisas com países vizinhos para dar um "guarda-chuva de proteção ao Brasil".

"Minha sugestão é pegar as Forças Armadas para nos ajudar a impedir que a droga saia dos países produtores. Qualquer outra coisa que se fizer, é enxugar gelo", disse em entrevista à rádio CBN nesta quarta-feira (4).

Segundo Melo, a sugestão já foi feita ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que esteve no Estado esta semana. "Ele acolheu a ideia com muito entusiasmo. Ele não tinha pensando na questão da utilização das Forças Armadas, que são a instituição mais admirada do país", falou o governador.

Para o político, seria interessante criar um fundo que receberia contribuições de todos os Estados para que as Forças Armadas possam fiscalizar as fronteiras. Mais tarde, em Brasília, o ministro da Justiça negou essa possibilidade

O governador disse que o Amazonas tem combatido o tráfico de drogas. "Em apenas dois anos no governo, apreendemos 21 toneladas de droga. E praticamente dobramos a população carcerária”, que, segundo ele, é basicamente formada por pessoas ligadas ao tráfico de drogas. "O que sei te dizer é que não tinha nenhum santo".

Superlotado, presídio de Manaus foi cenário de massacre

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Problema comum

Dois fatores podem ter levado às rebeliões, na avaliação de Melo: a superlotação dos presídios e a gestão. "É um problema comum a todos os Estados", disse o governador, que ressalta: "com essas penitenciárias superlotadas, é muito difícil você fazer uma gestão adequada do ponto de vista administrativo".

Desde o governo de seu antecessor, Omar Aziz (PSD), a administração dos presídios foi terceirizada porque a PM (Polícia Militar) não teria efetivo suficiente para realizar esse trabalho. Após as rebeliões, Melo diz não pensar em acabar com a terceirização. "[Ela] deu um bom resultado. Está aí há seis anos, e o primeiro fato que aconteceu foi agora. Mas precisamos aprimorar o sistema", diz, citando, por exemplo, a participação da PM na vigilância das penitenciárias.

Sobre a transferência de detentos para um presídio centenário, no centro de Manaus, que estava desativado, Melo minimiza: "a gente não tinha outra alternativa, a alternativa era aquela. Mas [o presídio] está lá, está funcionando. Foi o único local que imediatamente a gente teve para garantir a vida deles".

O governador informou que a Cadeia Público Raimundo Vidal, posteriormente, será transformada em um centro de artesanato.

Segundo Melo, há presídios em construção no interior do Amazonas. Um deles, com previsão de término daqui a um ano e meio, terá 3.600 vagas para presos que tenham cometido crimes menores. Para ele, isso ajudará a separar “o joio do trigo”.

A intenção de Melo é que esses detentos não tenham contato com traficantes, que teriam motivado as rebeliões. “O fato que aconteceu aqui em Manaus foi briga de facções criminosas”. Essa tese, porém, é rechaçada pelo ministro da Justiça.