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PM do Rio reúne tropas para "conscientizar" policiais a não pararem

Policiais durante operação em novembro na Cidade de Deus, no Rio - José Lucena - 20.nov.2016/Futura Press/Estadão Conteúdo
Policiais durante operação em novembro na Cidade de Deus, no Rio Imagem: José Lucena - 20.nov.2016/Futura Press/Estadão Conteúdo

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

07/02/2017 18h01

A Polícia Militar do Rio de Janeiro está reunindo os integrantes da corporação para “conscientizar” sobre as “graves consequências de uma paralisação”. A medida vem em paralelo aos crescentes rumores de que o Estado pode ser palco de um movimento similar ao que está provocando uma crise de segurança pública no vizinho Espírito Santo.

Segundo nota divulgada pela PM fluminense esta terça (7), a corporação “está conscientizando seus integrantes das graves consequências de uma paralisação. Protestos são legítimos, mas estamos buscando outra forma de reivindicar nossos direitos. Comandantes de Unidades estão reunindo a tropa para alertar sobre os males incalculáveis e irreparáveis que nossa ausência causaria. Paralisar um serviço essencial afetaria toda a população, incluindo nossas famílias.”

A PM usou até mesmo sua página no Facebook para divulgar apelo similar. “Só nós conhecemos a realidade nua e crua do dia a dia de policiamento. No entanto, é preciso pensar que o impacto da nossa ausência poderá recair sobre nossos ombros, sobre nossas famílias. (...) A quem interessa a barbárie?”, diz uma publicação feita na tarde desta terça.

Movimento como no ES

A PM do Rio também usou o Facebook para desmentir a existência de um suposto despacho em que o comandante da PM do Rio, coronel Wolney Dias, considera “lícita” a organização de uma greve geral da corporação a partir de sexta (10). Uma imagem com o falso documento tem circulado via WhatsApp no Estado do Rio. A Constituição proíbe que militares façam greve.

No entanto, parentes de PMs fluminenses também estariam se organizando para impedir a saída de policiais de quartéis. O expediente é o mesmo usado pelo movimento de familiares de PMs do Espírito Santo desde sábado (4), no que tem sido considerado como uma “greve branca” pelo governo capixaba. Entidades de classe que representam policiais negam vínculo com a mobilização.

Desde então, várias cidades do Espírito Santo foram palco de dezenas de assassinatos, além de saques, assaltos a pedestres e roubos de carros. Lojas, escolas e serviços de saúde tiveram o funcionamento interrompido, e a população não sai de casa. O governo federal enviou homens das Forças Armadas e da Força Nacional para patrulhar as ruas do Estado. Esta quinta (9), a Polícia Civil capixaba decide se entra em greve.

Rio em crise

Em janeiro, os agentes penitenciários do Rio entraram em greve e policiais civis paralisaram diversas atividades devido ao atraso no pagamento de salários e gratificações. No fim do ano passado, a Aomai (Associação de Oficiais Militares Ativos e Inativos da PM e do Corpo de Bombeiros) publicou uma carta pedindo que a Prefeitura do Rio cancelasse o Réveillon em Copacabana por conta da "grave crise política e financeira que atravessa o Estado".

Em dezembro, os servidores da segurança engrossaram o ato dos professores e demais servidores públicos e chegaram a invadir a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro durante a votação do pacote de austeridade enviado à Casa pelo governador Pezão.

Em crise, o Estado declarou calamidade financeira na metade do ano passado e agora estuda formas de cobrir o rombo previsto de R$ 19,3 bilhões para 2017. Entre as medidas estudadas pelo governo estão um plano de demissão voluntária e a possibilidade de redução de jornada de trabalho dos servidores com redução salarial, medida que depende de decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).