Do UOL, em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Maceió
28/04/2017 20h31
A sexta-feira (28) foi marcada por uma greve geral e protestos contra as reformas trabalhista e da Previdência defendidas pelo governo do presidente Michel Temer (PMDB). Diversas capitais brasileiras amanheceram sem transporte público. Em algumas cidades, houve manifestações e a intervenção da Polícia Militar.
Movimentos sociais, sindicatos e partidos de oposição afirmam que os projetos retiram direitos dos trabalhadores ao alterar pontos da CLT (Consolidação das Lei do Trabalho) e endurecer as regras para conseguir a aposentadoria.
O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, em entrevista ao UOL, criticou as paralisações feitas em todo o país desde as primeiras horas da manhã. “Pode até haver quem tenha aderido, mas o que quero dizer é que não teve a expressão que se anunciava. Numa greve geral, as consequências e a visibilidade certamente são outras, não a que nos percebemos. Essas paralisações são muito pontuais”, afirmou o ministro.
Sem ônibus, o vendedor Joás de Souza Viana, 19, decidiu enfrentar o frio da capital paulista na manhã desta sexta e ir de bicicleta para o trabalho. "Apesar de tudo, eu concordo com a greve. Se a população não for para as ruas, as coisas não mudam. Eu não sei o dia de amanhã, não sei se vou conseguir me aposentar”, disse.
O vendedor Joás de Souza Viana, 19
Imagem: Mirthyani Bezerra/UOL
"O povo é muito massacrado"
Na Rodoviária Novo Rio, na capital fluminense, quem tinha passagem comprada com antecedência resolveu sair mais cedo de casa. Foi o caso de Raul Lopes, de 31 anos, que saiu da sua casa em Bonsucesso, na zona norte, com 2h30 de antecedência. Questionado sobre os protestos, o vendedor demonstrou apoio. "Claro que apoio! O povo é sempre muito massacrado."
"Está na palavra de Deus"
O pastor Wellington Santos, da Igreja Batista do Pinheiro, convocou fiéis e saiu em protesto em Maceió (AL). Com a Bíblia na mão, ele diz que a palavra de Deus apoia a manifestação. "Toda fundamentação está aqui, não precisa de outro lugar. Nossa luta é contra a concentração de renda, contra a injustiça e a miséria. É a mesma de Cristo há 2.000 anos", afirmou.
Pastor Wellington Santos convocou os fiéis e veio protestar em Maceió
Imagem: Carlos Madeiro/UOL "Não defendo Dilma, mas piorou com Temer"
As amigas Élidy, Vanessa e Ivone viajariam para Belo Horizonte e se mostravam apreensivas com o voo saindo do aeroporto de Congonhas. Mesmo assim, Ivone observou: "Sou a favor de que as pessoas não aceitem essas reformas. Eu não defendia a Dilma, mas acho que piorou demais com Temer e quem vai pagar o preço são as classes menos favorecidas".
As amigas Élidy (esq.), Vanessa e Ivone
Imagem: Janaina Garcia/UOL
"A política não pode continuar como está"
O cabeleireiro Paulo Soares Lima está trabalhou nesta sexta em seu salão na zona sul de Belo Horizonte. Ele mora em Betim (MG), na região metropolitana da cidade, que abriga a planta da Fiat Automóveis, e se diz favorável aos protestos. “Pelo que vi nas redes sociais, as reformas não são legais. Tem de reivindicar mesmo. Com muita organização. A política brasileira não pode continuar como está com essa corrupção."