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Empresário morto por bando armado em rodovia era "humilde" e "boa-praça"

17.ago.2017 - Sylvio Luiz Toledo Leite, 44 - Reprodução/Facebook
17.ago.2017 - Sylvio Luiz Toledo Leite, 44 Imagem: Reprodução/Facebook

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

17/08/2017 15h21Atualizada em 18/08/2017 08h30

Nascido em Campinas, no interior de São Paulo, o empresário Sylvio Luiz Toledo Leite, 44, vítima de um roubo seguido de morte em um posto de gasolina na rodovia Fernão Dias, na noite desta quarta-feira (16), tinha uma vida simples, regada a trabalho e amor à família. Ele e sua mulher foram descritos por um amigo como "humildes" e "boas-praças". 

Leite era empresário dono de uma empresa de maquinários em Pouso Alegre (MG), onde vivia com o filho, pequeno, e a mulher, a também empresária Elaine Tatagibe Toledo, 36, que é dona de uma loja de acessórios. O casal estava junto há 17 anos.

Segundo a Polícia Civil, o casal estava em São Paulo para vender peças de guindaste produzidas pela empresa de Leite. Na volta, foi vítima de um bando armado.

Pelas redes sociais, o empresário só falava do amor à mulher e ao filho. Costumava compartilhar viagens e momentos especiais com os dois aos amigos. A mulher seguia o exemplo. Sempre falou do amor que tem pela família.

Henrique Molina, 25, trabalha em uma rede de varejo de roupas de grife a qual o casal era cliente há anos. Molina se considera amigo da família pela proximidade que criou ao longo do tempo. Ao UOL, ele afirmou ter ficado "em choque" com a notícia.

"Eles eram muito educados, discretos e super atenciosos. Quando vinham a São Paulo e a gente se encontrava, eram sempre humildes e boas praças, apesar da boa condição financeira", disse Molina. Segundo ele, Leite "vivia pela família" e sempre "fazia de tudo pela mulher e pelo filho".

Reagiu à prática conhecida em rodovias de SP

Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), quando o casal voltava para Minas Gerais, parou o carro, um Land Rover Freelander, avaliado em R$ 214 mil, em um posto de gasolina localizado no km 79 da Fernão Dias. Depois de abastecer, eles foram vítimas de um roubo que, segundo a polícia, é prática comum registrada em rodovias no Estado.

Quando Leite, que estava pilotando o carro, iria entrar na rodovia, um Honda Fit cinza, que havia sido roubado horas antes, fechou o casal. Os criminosos colocaram o carro à frente do Land Rover e deram marcha à ré para atingir o veículo.

Assim que o casal desceu, os criminosos anunciaram o assalto, recolhendo os pertences pessoais e entraram no carro. Neste momento, a Elaine fugiu para dentro do posto de gasolina. Leite entrou em luta corporal com o criminoso que iria dirigir o carro. O bandido conseguiu dar partida e o empresário foi arremessado à rodovia.

Caído no asfalto, um outro carro, identificado apenas como da marca Fiat, atropelou o empresário. A polícia investiga a hipótese de que esse Fiat seja de um comparsa. Leite chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos ainda na pista. Em choque, a mulher não quis falar com a imprensa.

O caso foi registrado no 73º DP (Distrito Policial), no Jaçanã, zona norte, e encaminhado para investigações no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

Segundo balanço da PRF, só em 2017, a rodovia Fernão Dias registrou 115 detenções por diversas práticas de crime. Foram apreendidas 11 armas de fogo, recuperados 53 carros e apreendidos cerca de 295 quilos de drogas, entre maconha, cocaína e crack.

Empresário é mais uma vítima de latrocínio em SP

A dor da família de Sylvio Leite é a mesma de, pelo menos, outras 204. Foi esse o número de vítimas de roubo seguido de morte (o latrocínio) registrado no Estado no primeiro semestre do ano. Os crimes representaram alta de 25%, comparados ao mesmo período do ano passado.

De acordo com o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, o dado é, de fato, preocupante, chama a atenção e deve ser combatido. Apenas disso, o secretário admitiu a dificuldade em combatê-lo.

Segundo Barbosa Filho, a dificuldade se dá porque "não se sabe onde e quando o criminoso vai agir" e porque o latrocínio é um roubo que não deu certo, já que, normalmente, a intenção do criminoso é roubar um item da vítima, sem precisar atirar.

"Estamos trabalhando para evitar o crime de latrocínio, que esteve em queda durante um largo período, mas tem registrado um acréscimo, nesse indicador, que é preocupante", afirmou o secretário em 25 de julho deste ano, durante a divulgação dos dados.

O secretário afirmou, também, que reforçou o policiamento nas ruas para evitar que os criminosos sintam a brecha nas ruas para tentar roubar veículos. "Nossa preocupação maior é com a vida, então estamos trabalhando para diminuir os crimes contra a vida", disse.