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Secretários de Alckmin se reúnem com índios que tomaram torres de transmissão no Pico do Jaraguá

Índios permanecem ocupando torre de transmissão de sinal de rádio e televisão, no pico do Jaraguá, na zona norte de São Paulo (SP), nesta sexta-feira (15) - Rogério de Santis/Estadão Conteúdo
Índios permanecem ocupando torre de transmissão de sinal de rádio e televisão, no pico do Jaraguá, na zona norte de São Paulo (SP), nesta sexta-feira (15) Imagem: Rogério de Santis/Estadão Conteúdo

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

15/09/2017 13h45

Três secretários do governo Geraldo Alckmin (PSDB) estão reunidos com lideranças indígenas que ocupam, há quase 24 horas, antenas de transmissão no Pico do Jaraguá, no Parque Estadual do Jaraguá, na zona norte de São Paulo. Ligados à tribo dos guarani, os índios ameaçam desligar todo o sistema de transmissão das torres, entre as quais, de emissoras de TV e empresas de telefonia celular, caso as autoridades não revertam portaria do Ministério da Justiça que revogou a demarcação de terras da reserva indígena.

Segundo a assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista), os secretários Mágino Alves, da Segurança Pública, Márcio Elias Rosa, da Justiça e Cidadania, e Maurício Brusadin, do Meio Ambiente, tentam convencer os indígenas a deixarem o espaço, tomado ontem no final da tarde. O governo não informou o teor do que seria apresentado aos manifestantes por parte de seus representantes.

Os guarani afirmam estar em um grupo de pelo menos 100 indígenas na ocupação das antenas. A portaria do Ministério da Justiça contra a qual eles protestam e exigem a revogação imediata é a 683, publicada no mês passado, que anulou a declaração da Terra Indígena Jaraguá.

A reserva havia sido oficializada em 2015 pelo governo federal na região do parque – ampliando a área de terras deles de 3 hectares para 512 hectares.

Em agosto, essa decisão foi revogada pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim. A pasta alegou “erro administrativo” na demarcação da área e afirmou que a reserva foi estabelecida “sem a participação do Estado de São Paulo na definição conjunta das formas de uso da área”.

Agora, os guarani cobram abertura de negociação com Alckmin –há duas semanas, quando ocuparam parte do escritório da Presidência da República, na avenida Paulista, o MJ se recusou a ceder.

“Nosso povo não sairá das antenas enquanto o governador não se dispuser a conversar. Tiramos os funcionários das torres, pacificamente, e a próxima ação é cortar o sinal das TVs e de telefonia”, afirmou ontem à tarde ao UOL Tamikuã Txihi, 20, uma das lideranças. De uma das antenas, outro guarani, Xondaro, 34, afirmou: “Não sairemos das torres sem uma resposta. Estamos dispostos a lutar pela nossa reserva e pela nossa dignidade. O que estão fazendo é expulsar os indígenas de uma terra que é nossa”, defendeu.