Empresária some com R$ 1 milhão e deixa universitários sem garantia de festa de formatura
Pelo menos sete turmas de formandos em cursos universitários de João Pessoa prestaram queixa na polícia contra a dona de uma empresa de eventos da cidade. Os alunos acusam a empresária de ter sumido com o dinheiro pago para as festas de formatura. Segundo eles, o prejuízo chega a mais de R$ 1 milhão.
A proprietária apagou todas as contas das redes sociais e não atende as ligações desde última quinta-feira (7). Os funcionários contam que as fechaduras da empresa foram trocadas.
A formanda do curso de direito Mayara Ramalho, presidente de uma das comissões de formatura, disse que o último contato feito com a empresária aconteceu na quinta (7), quando recebeu os convites da festa, marcada para o dia 17 de fevereiro. "Falamos com ela nesse dia e depois disso ela sumiu. A funcionária me disse que quando chegou para trabalhar, a fechadura havia sido trocada. Estamos perplexos com a situação", conta.
O pacote que a turma de Mayara fechou com a empresária inclui 37 alunos; cada um deles pagou R$ 5.400 pela festa de formatura e “aula da saudade”. O contrato foi fechado em março de 2015 e chega a quase R$ 200 mil.
"Escolhemos a empresa dela por ser uma das mais renomadas de João Pessoa", diz Mayara. Na segunda-feira (11), estudantes de faculdades que tinham fechado contrato com a empresária passaram a se comunicar entre si e ligaram para as casas de festas onde os eventos seriam realizados. Descobriram, então, que havia apenas reserva, mas não pagamento para os eventos.
Sem conseguir contato com a empresária, os estudantes decidiram procurar a polícia. "Eu não tenho esperança de receber esse dinheiro de volta, mas queremos justiça. O caso não pode ficar impune. O sentimento que temos é de frustração, porque ela não tirou apenas nosso dinheiro, mas destruiu sonhos", lamenta Mayara.
A delegada adjunta da delegacia de Defraudações de João Pessoa, Vanderléia Gadí, afirma que até a manhã desta terça-feira (12) foi procurada por estudantes de sete comissões de formatura. Todos reclamam do “desaparecimento” da empresária.
"Os alunos temem que sejam vítimas de um calote, mas é importante deixar claro que, até o momento, nenhuma turma está no prejuízo porque nenhuma festa deixou de acontecer. Vamos esperar até segunda-feira, quando há uma festa marcada, para tomar uma posição. Se a festa acontecer, bom para os alunos. Se não acontecer, abriremos inquérito contra ela", afirma.
Segundo a delegada, existe a desconfiança do calote, mas não há como afirmar que ele aconteceu. "Tudo leva a crer que a desconfiança tem fundamento, mas teremos que esperar até o dia 18. Até lá, a polícia não tem o que fazer", disse Gadí.
Empresária é agradável e gentil, diz aluno
O estudante José Padilha, que faz parte da comissão de formatura de uma turma de jornalismo, disse que tomou um susto quando as notícias sobre o sumiço da empresária começaram a tomar conta das redes sociais.
A turma dele, de 25 estudantes, fechou contrato com a empresa em junho de 2016. Desde então, cada um dos alunos pagava R$ 130 ao mês, o que renderia R$ 39 mil referentes ao baile de formatura e à colação de grau, marcados para janeiro e fevereiro de 2018.
Padilha contou que o sentimento de revolta e angústia tomou conta dele e dos colegas, que sonhavam com a festa. "Estamos constrangidos com o que está acontecendo, principalmente porque estamos na semana de defesa dos trabalhos finais", afirma.
Segundo o estudante, a empresária sempre se mostrou gentil e receptiva com os alunos. "Era uma pessoa agradável, sempre disposta a tirar nossas dúvidas", conta.
A delegada afirmou que uma festa de casamento contratada com a empresária foi realizada na semana anterior, conforme o contratado. "A menos que ela não realize o próximo evento, a empresária não praticou nenhum delito. Seguimos fazendo os registros e passaremos a investigar caso a festa não se realize", diz Gadí.
A reportagem tentou contato com a empresária com os números fixo e móvel, sem resposta. Os números pelos quais os estudantes falavam com ela até a semana passada foram desligados.
'Vaquinha' para a formatura
Apesar da revolta, muitos estudantes disseram que não vão desistir da festa de formatura. "Não podemos deixar nosso sonho de lado, vamos partir para o plano B", disse Mayara Ramalho. Segundo ela, mesmo em meio às lágrimas, os alunos da turma de direito da qual ela faz parte já começaram a se mobilizar nesse sentido.
Padilha, formando em jornalismo, também partiu em busca de uma saída para financiar a festa de formatura. Ele e a turma iniciaram uma “vaquinha” online com a esperança de arrecadar R$ 40 mil e realizar o evento.
Na descrição, eles destacaram: "Olá, minha turma de jornalismo da Faculdade Maurício de Nassau em João Pessoa, foi vítima de um golpe, a dona da empresa sumiu com todo nosso dinheiro. Estamos fazendo essa vaquinha para fazermos nossa festa de baile, pois não temos mais condições de arcar com as despesas. Obrigado!".
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