Inspeção aponta sarna e superlotação em presídio de GO onde rebelião deixou 9 mortos
Um número expressivo de presos da Colônia Agroindustrial do Regime Semiaberto do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia sofrem de sarna, informa relatório da inspeção realizado dois dias depois da primeira rebelião na unidade penitenciária, ocorrida no dia 1° deste mês.
"Segundo o apurado tal situação é agravada em virtude da superpopulação carcerária e, ainda, pelo fato de o Estado de Goiás não disponibilizar aos presos uniformes, roupa de cama e banho, material de higiene pessoal e material apropriado ao asseio das celas", lê-se no documento entregue à ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Também conhecido como escabiose, a sarna humana é uma doença contagiosa da pele que provoca coceira intensa e vermelhidão.
O relatório, a cujo conteúdo o UOL teve acesso, foi produzido por representantes da Justiça, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e Ministério Público de Goiás. A inspeção foi realizada por ordem da própria presidente do STF. Por sua vez, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), entregou a Cármen Lúcia um dossiê produzido por sua equipe sobre a situação do sistema penitenciário do Estado.
A presidente do STF reúne-se na manhã desta segunda-feira (8) com o governador de Goiás e outras autoridades locais para debater a crise no sistema prisional do Estado. A reunião acontece no TJ-GO (Tribunal de Justiça de Goiás), na região central de Goiânia. Cármen Lúcia chegou ao local por volta das 9h30.
A unidade de semiaberto abrigava no momento da rebelião 1.254 presos --número 210% acima de sua capacidade. Nove presos morreram no motim, motivado pela disputa entre facções criminosas.
Há exatamente um ano, foi constatado um surto de sarna que atingiu 1.200 mil presos de todo o complexo prisional, que possui cinco prisões distintas.
Presídio teve 3 rebeliões neste ano
Nos primeiros dias deste ano, o complexo prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital, foi palco de três rebeliões. Na primeira, além dos nove presos mortos e outros 14 feridos, um total de 99 presos conseguiram fugir.
Estava prevista inicialmente a visita de Cármen Lúcia ao complexo prisional de Aparecida de Goiânia, mas a visita pode ser cancelada, por questões de agenda, informou a assessoria do TJ-GO.
A briga de facções rivais PCC (Primeiro Comando da Capital) e Comando Vermelho pelo controle dos presídios motivou as rebeliões, afirmou ao UOL o secretário da Segurança Pública de Goiás, Ricardo Balestreri.
Desde o começo da crise, o governo goiano tem sido alvo de críticas de instituições como o MP, OAB e membros do TJ-GO.
Perillo tem rebatido as críticas atribuindo ao governo federal a responsabilidade da crise do sistema prisional de Goiás.
Ele assinou um manifesto pedindo mais verbas ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública, juntamente com outros seis governadores.
Logo após a primeira rebelião, o ministro Torquato Jardim (Justiça) criticou o governo goiano "por desleixo" em relação à gestão dos presídios e informou que o Estado gastou somente 18% da verba de R$ 32 milhões do Funpen (Fundo Penitenciário Nacional) destinada à construção e reforma de unidades prisionais.
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