Topo

"Minha dor vai ser eterna. Como vou entrar na minha casa?", diz mãe da bebê atropelada em Copacabana

Agarrada ao caixão, a mãe chegou a gritar pedindo a filha de volta - Paulo Carneiro/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Agarrada ao caixão, a mãe chegou a gritar pedindo a filha de volta Imagem: Paulo Carneiro/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

20/01/2018 16h26

Com cantos de louvor, choro e orações, familiares e amigos se despediram da bebê Maria Louise, de 8 meses, no velório que teve início na manhã deste sábado (20), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio. Ela foi uma das vítimas do atropelamento que ocorreu no calçadão de Copacabana na quinta-feira.

A mãe Niedja da Silva Araújo, chegou cedo ao cemitério em uma cadeira de rodas. Ela também ficou ferida no acidente. Agarrada ao caixão, ela chegou a gritar pedindo a filha de volta.

"Ele [o motorista que causou o acidente] vai ter de pagar. Minha dor vai ser eterna. Como vou entrar na minha casa? Todo lugar tem o jeitinho dela. Ele matou a mim também. Ele tem que pagar porque a minha filha não volta mais", disse a mãe, que vestia uma camisa com a foto da criança e os dizeres: "Meu coração está de luto. Maria Louise”.

Emocionado, o pai Darlan Rocha chamou o motorista que provocou o acidente de monstro. "Esse monstro está solto. Ele sequer nos procurou para prestar solidariedade. A gente só quer justiça neste momento", afirmou.

Veja também

O advogado da família, Carlos Alberto Nascimento, afirmou que entrará com um processo contra o motorista, que deixou outras 17 pessoas feridas. Ele declarou que  pretende pedir auxílio médico para o tratamento de Niedja, que machucou a perna no acidente.

"Além do auxílio médico, quero acompanhar também a investigação. Não concordo com [o indiciamento por] homicídio culposo [quando não há intenção de matar] que o delegado está atribuindo a ele", afirmou.

O motorista Antonio de Almeida Anaquim alegou à polícia ter sofrido um ataque epilético ao volante. O Detran do Rio informou que ele omitiu que sofria da doença quando tirou a CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Anaquim também estava com o documento suspenso desde maio de 2014 por excesso de multas.

“Ele mentiu ao Detran ao não informar a doença e tem multas por trafegar na calçada. Ele tem que responder por homicídio doloso [quando há intenção de matar]", disse o advogado.

Vídeo flagra momento em que carro invade calçadão

  •  

O pastor da Assembleia Deus de Copacabana, igreja frequentada pela família, disse que o pai e a mãe da criança passaram à noite na casa dele.

Segundo Isaías Domingos, devido aos ferimentos, Niedja não conseguiu retornar para a casa na comunidade dos Tabajaras devido à dificuldade de locomoção.

"Ela está muito machucada. Não tem como voltar para casa. Estamos dando a assistência necessária. Ela passou a noite toda acordada chorando muito.”