Topo

Na TV, Temer repete discurso e diz que situação do Rio exige "medida extrema"

Gustavo Maia e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

16/02/2018 20h28Atualizada em 16/02/2018 23h22

Em pronunciamento praticamente idêntico ao proferido durante a assinatura do decreto de intervenção federal na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, na tarde desta sexta-feira (16), o presidente Michel Temer (MDB) repetiu em cadeia nacional de rádio e televisão nesta noite as justificativas para tomar a "medida extrema": "assim exigiram as circunstâncias".

"Venho até você para fazer uma importante comunicação. Você sabe que o crime organizado quase tomou conta do estado do Rio de Janeiro. É uma metástase que se espalha pelo país e ameaça a tranquilidade de nosso povo", disse Temer, na fala transmitida a partir das 20h30.

"O governo dará respostas duras, firmes e adotará todas as providências necessárias para derrotar o crime organizado e as quadrilhas. Não aceitaremos mais passivamente a morte de inocentes. É intolerável que estejamos enterrando pais e mães de família, trabalhadores honestos, policiais, jovens e crianças", acrescentou.

Leia também:

Na única alteração em relação ao discurso de mais cedo, Temer deixou de fora do pronunciamento da noite a menção à reforma da Previdência. À tarde, ele afirmou que quando a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) estiver para ser votada, ele suspenderá a intervenção para que a matéria seja votada no Congresso.

Isso porque a Carta Magna veda mudanças no texto constitucional enquanto uma intervenção estiver em vigor. A assinada hoje vale até o último dia do ano.

Temer encerrou sua fala agradecendo pela atenção, desejando boa noite e "que Deus nos abençoe".

Leia abaixo a íntegra do pronunciamento:

"Boa noite. 

Venho até você para fazer uma importante comunicação. Você sabe que o crime organizado quase tomou conta do estado do Rio de Janeiro. É uma metástase que se espalha pelo país e ameaça a tranquilidade de nosso povo. Por isso, decretei hoje intervenção federal na Segurança Pública no Rio de Janeiro. Tomo medida extrema porque assim exigiram as circunstâncias. 

O governo dará respostas duras, firmes e adotará todas as providências necessárias para derrotar o crime organizado e as quadrilhas. Não aceitaremos mais passivamente a morte de inocentes. É intolerável que estejamos enterrando pais e mães de família, trabalhadores honestos, policiais, jovens e crianças. 

Estamos vendo bairros inteiros sitiados, escolas sob a mira de fuzis, avenidas transformadas em trincheiras. Não vamos mais aceitar que matem nosso presente, nem continuem a assassinar nosso futuro. 

A intervenção foi construída em diálogo com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. Nomeei interventor o Comandante Militar do Leste, General Walter Souza Braga Netto, que terá poderes para restaurar a tranquilidade do povo. As polícias e as forças armadas estarão nas ruas, avenidas, comunidades. Unidos, derrotaremos aqueles que sequestram a tranquilidade do povo em nossas cidades. Nossos presídios não serão mais escritórios de bandidos, nem nossas praças continuarão a ser salões de festa do crime organizado. Nossas estradas devem ser rota segura para motoristas honestos, não vias de transportes de drogas ou roubo de cargas. 

A desordem é a pior das guerras. Começamos uma batalha cujo o caminho é o sucesso. E contamos com todos os homens e mulheres de bem ao nosso lado, apoiando, sendo vigilantes e parceiros nessa luta. 

Já resgatamos o progresso e retiramos o país da pior recessão de nossa história. É hora de reestabelecer a ordem. E a manutenção da ordem foi o fundamento constitucional para a intervenção, tal como prescreve o Artigo 34 da Constituição Federal. Unidos, traremos segurança para o povo brasileiro. 

Obrigado pela atenção. 

Boa noite. 

Que Deus nos abençoe".