Tesoureira é suspeita de comprar joias e roupas de grife com dinheiro de prefeitura
A diretora financeira da prefeitura de Jales, no interior de São Paulo, é acusada de usar dinheiro público para enriquecimento próprio, crescimento das empresas da família e na compra de artigos e serviços de luxo. Érica Cristina Carpi Oliveira, o marido e outros dois familiares dela foram presos nesta terça-feira (31) durante a Operação Farra no Tesouro, da Polícia Federal.
Segundo as investigações da PF, foram localizados cheques debitados dos fundos da área de saúde do município e assinados pela diretora financeira e também pela secretária da pasta. Eles eram destinados a lojas de grife, de joias, salões de beleza, clínicas de estética, salões de festas, buffet, arquitetos, lojas de decoração e móveis planejados.
À polícia, a tesoureira afirmou que começou a desviar o dinheiro público para benefício próprio em 2008. Ao perceber que ninguém dava conta dos prejuízos, ela foi aumentando os valores.
Desde janeiro de 2018, Érica emitiu 54 cheques de apenas uma conta da prefeitura, cujos valores somados chegam a R$ 700 mil. Metade desta quantia foi depositada diretamente na conta da loja do marido dela; a outra teve como destino o pagamento de fornecedores da loja do companheiro e de compras pessoais.
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A PF informou ao UOL que, entre esses valores descontados da prefeitura, a diretora financeira pagou R$ 10 mil a um buffet, R$ 10 mil e R$ 20 mil a uma loja de decoração e R$ 70 mil, divididos em três cheques, a uma loja de móveis planejados.
A mobília foi usada na decoração de uma propriedade de luxo, construída na zona rural de Jales. A estimativa é que o investimento para construção e para mobiliar o imóvel tenha superado R$ 1,5 milhão.
Esta propriedade é uma das lacradas pela PF, junto com as três lojas do marido dela – duas de calçados e uma de moda infantil – além da apreensão de carros do casal e de familiares.
Até o momento, a PF pôde analisar as movimentações bancárias de somente uma conta da prefeitura administrada pela Diretora Financeira. Em seguida, a investigação pedirá à Justiça autorização para analisar a conta pessoal dela. A suspeita é de que ela tenha usado o dinheiro público para pagar todo tipo de cobrança como, por exemplo, a educação dos filhos.
Investigações
Érica Cristina começou a trabalhar na prefeitura de Jales em 2005, aos 21 anos, em outra função e sem concurso público. Em julho de 2017, após questionamento do Ministério Público Estadual de Jales, a tesoureira foi demitida, mas readmitida em outra posição: a de diretora financeira, cargo não concursado. A Polícia Federal e o Ministério Público Estadual estão investigando as circunstâncias dessa mudança.
Acima da posição de diretora financeira, estavam a Secretaria da Fazenda e a Auditoria Municipal. No entanto, em depoimento, a mulher afirmou que gozava de autonomia para movimentar todo o dinheiro da cidade, seja abrindo contas, emitindo boletos ou descontando cheques.
Até o momento, a investigação não encontrou nenhuma outra pessoa que tenha sido beneficiada pelos desvios. Os funcionários das pastas citadas serão ouvidos e poderão responder por negligência.
Érica Cristina apresentou advogados de defesa somente nesta quinta-feira (2), que também trabalharão com sua irmã, Simone Carpi Brandt, e o cunhado, Marlon Brandt, também presos durante a operação da PF. Roberto Oliveira, marido da tesoureira, contratou outro advogado.
Até o momento, as defesas preferiram não se manifestar, já que ainda não tiveram acesso ao inquérito.
Em nota, a prefeitura de Jales informou que o prefeito, Flávio Prandi Franco, exonerou secretária municipal de saúde e a diretora financeira e "determinou que a Procuradoria-Geral do Município tome providências no sentido de realizar uma sindicância interna". A administração também afirmou que vai pedir a procuradoria "faça o acompanhamento das investigações, colaborando com as autoridades policiais que conduzem a operação".
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