Empresário é preso após perseguir e ameaçar ex-mulher e filha: "Vou acabar com vocês"

Um empresário foi preso em flagrante depois de perseguir o carro onde estavam sua filha de seis anos, a ex-mulher e o namorado dela no último domingo (5), em Santos, no litoral de São Paulo. Edler Benvenuti, de 40 anos, estava armado e tinha porções de cocaína e maconha dentro de seu veículo, além de munições.

"O Edler estava muito alterado", afirma a ex-mulher, de 39 anos, em entrevista ao UOL. "Ele usou o carro, que tem a placa com a data de nascimento da filha [de seis anos], como arma para nos matar", diz. Para fugir, a vítima conta que teve de pular do carro em movimento com a criança.

De acordo com a ex-mulher, que pediu para ter a identidade preservada, o empresário já se mostrava alterado desde o início do dia. "Ele ligava para minha filha e insistia que queria vê-la, falava que nos encontraria no shopping, mas ela não queria vê-lo", conta. "Eu notei que tinha alguma coisa errada."

Por volta das 14h, o namorado dela, um professor de 40 anos, foi buscar mãe e filha em casa para levá-las ao shopping, onde comprariam o presente de Dia dos Pais de Benvenuti. Ao deixarem o local, o empresário passou ao lado deles, também de carro, e começou a segui-los, segundo a mulher. "Paramos o carro em um sinal, meu namorado abaixou o vidro e falou para ele nos deixar em paz, seguir a vida dele. Foi quando ele sacou a arma e disse: 'Vou acabar com vocês'", lembra.

O namorado virou o carro e dirigiu na contramão para tentar fugir, mas o ex-marido desviou o caminho e começou a bater no outro veículo com seu carro de luxo. Enquanto tentava fugir, o motorista fez as primeiras ligações para a polícia. "Eu vi que ele não ia parar de bater. Então eu decidi que nossa única chance era sair do carro", conta a vítima. "Ele estava muito alterado, drogado, não sei. Mesmo armado, não ia ter mira."

Foi então que teria puxado a filha, chutado a porta e pulado do carro em movimento com a menina. "Eu me joguei por baixo dela para tentar amortecer a queda. Quando vi que ele tinha parado o carro e estava saindo, só gritei 'corre!' para a minha filha."

As duas conseguiram se refugiar na casa de uma idosa que morava na região. "Eu só pensava que ele tinha matado e agora já estava atrás de nós", conta.

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A Polícia Militar, no entanto, chegou rápido ao local e Edler Benvenuti e sua atual noiva de 26 anos, que estava no carro com ele, foram presos em flagrante. Com o homem, foram encontrados duas porções de cocaína e um cigarro de maconha, além de uma pistola calibre 38 com munições. Com a mulher, foram apreendidas duas porções de maconha.

Os dois foram encaminhados para a Delegacia Seccional de Santos, mas a noiva foi liberada após pagamento de uma fiança de R$ 2.000. O empresário permanece preso e responderá por lesão corporal, violência doméstica, dano qualificado, porte ilegal de arma de fogo e porte de drogas para consumo sem autorização.

Separação conturbada

A vítima conta que a relação entre ela e o ex-marido nunca foi fácil desde a separação, há quatro anos. Ela especula que um dos motivos para o incidente do último domingo seja uma audiência marcada para o próximo dia 14, em que a separação de bens e a guarda deveriam ser resolvidas. "Ele reclama de alienação parental, mas a filha não quer ficar com ele, porque é muito agressivo, porque cada vez está com uma mulher. Já tive medo que ele saísse com ela do país e eu nunca mais a visse", diz.

Ela lamenta a situação pela qual passou no último domingo. "Estou em um estado de choque tão grande, muito assustada. Sempre foi assim, mas dessa vez foi a gota d’água, estava muito agressivo.” 

Com marcas na boca, a mulher reclama de dores no corpo devido à queda do carro. "Não consegui dormir à noite, minha filha reclama de dores na nuca. Eu quero levá-la para São Paulo para fazer exames melhores, mas ele destruiu o único meio de transporte que tínhamos para socorrê-la", afirma.

De acordo com ela, Benvenuti é usuário de drogas há muitos anos. “É com pesar que o vejo preso, ele precisa de ajuda, precisa se tratar", conclui.