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Jovem surda tem "ouvido biônico" furtado em ônibus: "Vivo em silêncio absoluto"

Implante foi configurado durante cirurgia para funcionar somente em Larissa - Reprodução/Facebook
Implante foi configurado durante cirurgia para funcionar somente em Larissa Imagem: Reprodução/Facebook

Rafael Pezzo

Colaboração para o UOL

11/09/2018 17h30

Uma jovem de 26 anos teve seu implante coclear furtado – um estimulador que faz o papel do ouvido e capta o som e o transforma em pulsos elétricos – dentro de um ônibus na manhã do último sábado (8), em Belém. Larissa Lobato estava indo para a casa de uma amiga e não percebeu quando um homem abriu sua mochila e pegou o estojo onde estava o aparelho, conhecido popularmente como "ouvido biônico". A vítima registrou boletim de ocorrência.

Cursando o terceiro ano do ensino médio na rede pública, Larissa nasceu com apenas 30% da audição, mas foi ficando completamente surda ao longo do tempo. Há três anos, ela recebeu o aparelho do Sistema Único de Saúde (SUS), que foi implantado no Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Ao UOL, a mãe de Larissa, Giowana Nauar, de 46 anos, explicou que, como a filha estava de cabelo molhado, não podia usar o "ouvido biônico" naquele momento e o guardou. Segundo Giowana, "a embalagem pode ter chamado a atenção, já que é muito bonita, parecida com a de uma joia ou uma caneta". "Ela chegou na casa da amiga chorando. É como se ela tivesse perdido o ouvido dela."

Quando a jovem voltou para casa, ela e a mãe fizeram um boletim de ocorrência pela internet. Ao UOL, a Polícia Civil do Pará informou que um delegado fará contato com a vítima para que ela compareça à unidade policial para ser ouvida no inquérito. "Com base nas informações repassadas, a equipe da Seccional de Polícia Civil da Marambaia vai fazer um trabalho de investigação para tentar identificar e localizar o autor do furto", disse a polícia.

À espera do desenrolar da investigação policial, Larissa escreveu um apelo no Facebook. "É indispensável, porque eu só consigo ouvir com esse aparelho. Sem ele, vivo no silêncio absoluto", explicou.

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Segundo Giowana, o implante – que custa em torno de R$ 40 mil – foi configurado para funcionar somente na filha dela. "Na cirurgia, foram colocados eletrodos no cérebro dela. A pessoa que pegou o implante, não vai conseguir usar. Mesmo se vender, o comprador terá que fazer uma nova configuração. Fora isso, o dispositivo vem em uma mala, com baterias, carregador e outras peças."

A família não tem condições de arcar com um novo aparelho e, caso o aparelho não seja encontrado, uma das saídas é voltar ao hospital onde foi feita a cirurgia, passar por uma nova avaliação médica e encaminhar o pedido ao Ministério Público. Se a requisição for aceita, segundo a mãe, Larissa entrará em uma fila de espera, sem previsão de atendimento.

Outra via tentar conseguir por meio do convênio médico. Desta maneira, no entanto, Giowana explica que seria necessária a ajuda de um advogado. "Eu nem queria ver a cara da pessoa que furtou. Só queria que alguém me ligasse ou mandasse uma mensagem dizendo: 'o implante está em tal lugar, pode ir lá buscar'."