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Apartamentos da USP têm suásticas pichadas nas portas; alunos reclamam de insegurança

Portas de apartamentos do Crusp foram pichadas com suásticas nesta quarta-feira (17) - Reprodução/Facebook
Portas de apartamentos do Crusp foram pichadas com suásticas nesta quarta-feira (17) Imagem: Reprodução/Facebook

Fernando Molina

Colaboração para o UOL

18/10/2018 14h11

Moradores do bloco A do Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp) relatam clima de medo e insegurança no alojamento após terem as portas de cinco apartamentos pichadas com suásticas nesta quarta-feira (17). "É bem assustador. Sou preto, LGBT, periférico, outra moradora [afetada pelo ato] é lésbica, não sabemos se foram direcionados a nós, se é pessoal, por isso o medo", disse o estudante de geografia Alexandre Roberto da Silva Honório, de 29 anos, um dos afetados pela pichação. Segundo ele, nos cinco anos em que mora no local, nada parecido aconteceu antes.

De acordo com a Lei Nº 7.716/89, é crime "fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo". Quem infringe a legislação pode pegar de dois a cinco anos de prisão, além do pagamento de multa.

Alexandre afirmou que "a Universidade de São Paulo (USP) é omissa" ao contar sobre como a instituição tratou o caso após ser informada pelos estudantes. De acordo com o estudante, o grupo de moradores solicitou apoio, mas foi apenas direcionado a tomar providências fora do espaço acadêmico. "Acionei a segurança da assistência estudantil, mas não fizeram nada. Fizeram um relato, tiraram umas fotos, mas isso para a gente não ajuda em nada, disseram que é caso de polícia, que só com boletim de Ocorrência", criticou.

O problema, no entanto, vai além dos símbolos nazistas, segundo a Associação de Moradores do Crusp (Amorcrusp). Em nota enviada o UOL, a associação informou que na última terça-feira (16), algumas das moradias estudantis afetadas "apareceram com frases ofensivas, misóginas e homofóbicas" e classificou o ato como “retrocesso civilizacional”. Em uma das portas, estava escrito "volta para a Bolívia".

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Uma das moradoras do complexo que preferiu não ser identificada relatou o medo dos colegas de alojamento após o ato. "Há um clima de insegurança pelo que aconteceu, as pessoas estão tentando se proteger, fizeram registros na segurança universitária, que passou para a Reitoria e a SAS (Superintendência de Assistência Social), e recomendou que também fossem feitos boletins de ocorrência", comentou.

Procurada pela reportagem, a USP disse apenas que está apurando os fatos.

A Guarda Universitária confirmou os relatos dos moradores e afirmou que passou o caso às esferas competentes, dizendo se tratar de "um dano ao patrimônio público, além de um crime".

O UOL também procurou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para comentar o caso, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.