Witzel estuda alternativa a militares e diz que Rio tem que "andar sozinho"
O governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), afirmou nesta segunda-feira (3) que a dependência que o Rio de Janeiro tem do governo federal na área da segurança pública “tem que acabar”. Ele disse que estuda alternativas, caso a operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que permite o uso das Forças Armadas em funções de polícia no estado, não seja prorrogada.
Entre as alternativas citadas por Witzel, estão contratar policiais aposentados para atuar no policiamento de rua e comprar 30 mil câmeras para monitoramento eletrônico.
As declarações ocorrem três dias após o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmar que não prorrogará a intervenção federal na segurança do Rio. "Eu assumindo, não prorrogarei. Se quiserem falar em GLO, eu dependerei do Parlamento para assinar", disse Bolsonaro na última sexta-feira (30), quando também criticou o que julga como falta de um arcabouço jurídico que permita ao militar em serviço matar sem que seja alvo de um processo criminal.
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A intervenção, que começou em 16 de fevereiro e acaba em 31 de dezembro, é a transferência da gestão da segurança pública do governo do Rio para a União. A GLO, em vigor desde julho de 2017, é a permissão para que os militares atuem nas ruas com poder de polícia. Embora estejam hoje em vigor ao mesmo tempo, uma não depende da outra.
“Eu não posso ficar na expectativa de alguma coisa que pode não acontecer. Então eu tenho que me preparar, ficar esperando sem ter uma alternativa, então nós estamos preparando uma alternativa”, disse Witzel sobre a possibilidade de renovação da GLO.
“O estado do Rio de Janeiro tem que andar sozinho. Tem que acabar com essa dependência de governo federal”, afirmou.
Ele disse, porém, que gostaria que a União prorrogasse a GLO por ao menos mais seis meses, para que mais policiais possam ser treinados e o monitoramento por câmeras seja instalado.
Witzel disse que, caso não haja a prorrogação, o Rio pode contratar policiais aposentados para participar do programa Segurança Presente, que hoje paga policiais nas horas de folga e reservistas para fazer patrulhamento de rua. Segundo a Secretaria da Segurança, eles são pagos pelo chamado RAS (Regime Adicional de Serviço) e o programa coloca cerca de mil policiais a mais diariamente nas ruas.
O governador eleito também disse que a solução para a segurança do Rio não está no aumento do efetivo de policiais, mas sim no monitoramento eletrônico das ruas por câmeras de segurança. Ele disse que instalará 30 mil câmeras, nas vias e até nos uniformes dos policiais.
Disse ainda que pretende integrar essa rede de câmeras com um software que reconhece em tempo real placas de carros roubados e especialmente rostos de criminosos procurados. O sistema daria então um alerta para a polícia adotar ações para prender os suspeitos.
Witzel vem afirmando que se baseará em um sistema que já existiria na Inglaterra e teria mostrado resultados. Contudo, o sistema de reconhecimento facial britânico ainda está em fase de testes [sendo usado apenas em eventos esporádicos e não de forma sistemática] e tem provocado grande polêmica no Reino Unido por supostamente colocar em risco liberdades individuais.
Ao dizer que o Rio tem que andar sozinho, Witzel criticou o sistema de impostos federais. “Hoje o estado do Rio de Janeiro arrecada bilhões em impostos federais e fica com um percentual pequeno”, disse.
Corrupção
Falando a uma plateia de empresários em almoço promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais Lide, no hotel Copacabana Palace, Witzel disse que o empresariado não será atrapalhado com pedidos de dinheiro para propina e corrupção.
Ele afirmou que assume um estado desgastado pela corrupção, mas disse que o passado marcado pela prisão do governador Luiz Fernando Pezão (MDB) e do ex-governador Sérgio Cabral (MDB) não influenciará “absolutamente em nada” o seu governo.
“O desgaste do governo passado fica no passado, dentro dos presídios”, disse.
“Esse desgaste moral faz com que a gente tenha que vir nessa reunião de empresários para dizer a eles que agora o governo vai ser moral, vai ser ético, para dizer o óbvio”, afirmou.
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