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"Endureceremos cada vez mais contra o crime", diz governador do CE

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

05/01/2019 16h52Atualizada em 05/01/2019 17h56

Em vídeo publicado nas redes sociais na tarde deste sábado (5), o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), afirmou que a onda de ataques criminosos que acontece desde quarta-feira (2) no estado tem como objetivo fazer com que o governo recue de medidas "duras e necessárias" que tem adotado no combate ao crime organizado.

"Esse tem sido justamente o motivo desses atos criminosos: fazer com que o estado recue dessas medidas fortes, o que não há nenhuma possibilidade de acontecer. Pelo contrário: endureceremos cada vez mais contra o crime", prometeu.

Como parte de tais medidas, Camilo elencou a criação de uma secretaria especialmente para a atuação "rigorosa" dentro dos presídios; a compra de mais de 2.100 viaturas; a construção de novos presídios, inclusive de segurança máxima; e a instalação de um Centro Integrado de Inteligência no estado.

"Reforçamos nosso sistema de segurança com a contratação de quase dez mil profissionais nos últimos quatro anos e chamei ontem outros 600 para atuarem de imediato. E já informo que convocarei mais profissionais nos próximos meses", declarou no vídeo.

Camilo afirmou ainda que o esquema "reforçado" de segurança continuará vigente, "e com mais força ainda", por "todo o tempo que for necessário para garantir a ordem e colocar atrás das grades todos aqueles que atentarem contra a sociedade".

"Tenho absoluta confiança nos mais de 29 mil profissionais cearenses que formam as forças de segurança do nosso estado, que têm se doado noite e dia para combater o crime, especialmente neste momento em que o Estado do Ceará toma medidas duras e necessárias de combate ao crime organizado, fora e dentro de unidades prisionais", disse.

Segundo Camilo, 86 pessoas foram presas por envolvimentos nos ataques até o momento, sendo que 36 delas foram detidas nesta madrugada.

O governador também disse defender que o combate ao crime organizado seja feito de forma conjunta entre os estados e o governo federal --hoje comandado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), crítico aberto de seu partido, o PT.

"É papel de todos proteger a população, deixando de lado vaidades e interesses pessoais ou partidários", afirmou.

Em seu pronunciamento, o governador ainda fez elogios ao ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz federal Sergio Moro --que, segundo ele, "tem prestado um apoio muito importante" no momento -- e ao ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo. Camilo afirmou ter conversado de forma "permanente" com os dois desde o início dos ataques.

Foi Moro quem autorizou, nesta sexta-feira (4), o envio da Força Nacional de Segurança para o Ceará, como forma de tentar conter a violência no estado. No vídeo, Camilo se dirigiu aos agentes que foram enviados ao estado, dando a eles as boas-vindas.

Ataques pelo estado

Desde quarta-feira, mais de 80 ataques realizados pelo crime organizado foram registrados no estado. Suspeitos não identificados incendiaram veículos, atacaram estabelecimentos comerciais e tentaram explodir a coluna de sustentação de um viaduto - que acabou sendo interditado. Durante os ataques, o governo registrou apenas um morto, em um suposto confronto com a polícia. Ao menos 300 homens da Força Nacional foram enviados ao Ceará para tentar conter a crise.

Além da Força Nacional, cujo efetivo composto por policiais e militares desembarcou no estado entre a tarde de sexta-feira e a madrugada de sábado, o governador Camilo Santana (PT) colocou em serviço quase 600 novos agentes. Como medida de emergência, turmas de 220 novos agentes penitenciários e 373 novos policiais militares que ainda não haviam começado a trabalhar foram mobilizadas e integradas ao esquema de segurança.

De acordo com a secretaria estadual de Segurança Pública, o policiamento está reforçado nos terminais de ônibus e nos principais corredores comerciais e bancários. "Os coletivos são acompanhados e monitorados. Além do policiamento ostensivo geral, equipes especializadas integram o patrulhamento", informou a pasta, por meio de nota oficial. 

De 1.810 ônibus urbanos e 350 ônibus metropolitanos, apenas 108 estão operando neste sábado. Em cada um deles, há três policiais.