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SP: delegacia se recusou a fazer B.O., diz foliã após bombas da PM em bloco

A atriz Thaís Campos foi atingida por bala de borracha da PM na dispersão de bloco em SP - Ana Carla Bermúdez/UOL
A atriz Thaís Campos foi atingida por bala de borracha da PM na dispersão de bloco em SP Imagem: Ana Carla Bermúdez/UOL

Ana Carla Bermudez

Do UOL, em São Paulo

08/03/2019 17h43

Foliões que foram atingidos por balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo após dispersão do bloco de Carnaval Agora Vai na Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, na última terça-feira (5), dizem não ter conseguido registrar boletim de ocorrência tampouco fazer exame de corpo de delito após a ação da Polícia Militar.

A atriz Thaís Campos, que foi atingida por uma bala de borracha, disse ter ido ao 4º Batalhão da PM após a ação policial. Lá, afirma ela, foi agredida verbalmente por um agente que teria dito não ter "cerimônia nenhuma" em "quebrar cara de mulher".

Em seguida, ela se dirigiu ao 91º Distrito Policial (Ceasa) onde, segundo Thaís, "não quiseram oficializar" o boletim de ocorrência". "A gente foi depois no 91º DP para tentar fazer o boletim de ocorrência e lá fomos informados que o B.O. não seria suficiente, que a gente precisaria procurar a Corregedoria, acionar a imprensa e ir para o hospital pegar uma papeleta", relata.

Participantes do bloco prestaram na tarde de hoje depoimento à Ouvidoria das polícias, que pediu que a Corregedoria da Polícia Civil investigue o caso. Os foliões devem ir ainda hoje ao 14º DP, em Pinheiros, para fazer o registro do boletim de ocorrência e solicitar que seja realizado o exame de corpo de delito.

Em nota, a assessoria de imprensa da SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que o policial já está afastado e que foi instaurado Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a ocorrência e investigar a conduta do PM. "A Corregedoria companha a investigação. A instituição não compactua com eventuais desvios de conduta de seus agentes", disse o órgão.

Sobre a orientação relatada por Thaís de não registrar o boletim de ocorrência, a SPP afirmou que "o delegado de plantão no 91º DP orientou os foliões sobre o atendimento para o registro da ocorrência e informou que as denúncias também poderiam ser feitas na Corregedoria da PM".

Segundo da foliã as vias estavam desobstruídas quando a PM chegou ao local por volta das 22h15. "O carro de som já tinha parado, o bloco parou de tocar uma hora antes do horário previsto por conta da chuva. A dispersão foi feita naturalmente. Não houve motivo para aquela chegada", avalia. De acordo com ela, a situação desencadeada pela ação da PM parecia um "cenário de guerra". 

Quando virei a esquina, a gente escutou já três bombas. A gente viu o policial envolto na fumaça. E na primeira tentativa de conversa com eles, que eu fui com a mão para o alto, lançaram spray de pimenta.

A atriz relata ainda que o grupo tentou dialogar com a polícia, que reagiu com tiros de bala de borracha. Segundo ela, havia de dez a 30 pessoas nas imediações de onde aconteceu o bloco e ao menos 15 ficaram feridas.

Secretaria diz que PM agiu para desobstruir via

Em nota, a SSP disse que a Polícia Militar foi acionada "por conta de interdição de via pelo Bloco Agora Vai, na rua Brigadeiro Galvão, após o horário permitido".

"As equipes policiais fizeram contato com os organizadores do evento, solicitando a desobstrução da rua, mas sem acordo. Para restauração da ordem pública, foi necessária a intervenção direta para desobstrução da via pública ocupada sem autorização, com técnicas de controle de distúrbios civis no local."

Sobre o comportamento do policial que ameaçou a atriz, a SSP disse que a "instituição não compactua com eventuais desvios de conduta, colocando-se à disposição da vítima para formalização de denúncia por meio da Corregedoria da Polícia Militar".