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Suzano: defesa questiona prova policial e diz que suspeito nega crime

Nathan Lopes

Do UOL, em Suzano

19/03/2019 16h07

Advogado nomeado do terceiro suspeito de envolvimento no massacre de Suzano (SP), Marcelo Feller reclamou que o MP (Ministério Público), a Polícia Civil e a Justiça paulista estão protagonizando o que chamou de "teatro processual". Ele questionou o teor de mensagem de autoria do suspeito apresentada pela polícia e disse que o adolescente negou participação no crime que deixou dez mortos na escola da Grande São Paulo.

"A gente parece já ter um culpado sem nem ser investigado, sem nem ser processado", disse Feller. "A impressão que eu tenho é que as pessoas têm certezas muito rápidas."

O ex-aluno da Escola Estadual Raul Brasil foi apreendido pela polícia hoje e, após audiência no Fórum de Suzano, encaminhado para a Fundação Casa, onde ficam custodiados menores de idade no estado. Ele ficará longe do convívio com a sociedade por 45 dias.

Feller, ligado ao IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa), foi indicado para representar o adolescente a pedido da Defensoria Pública. Os defensores não podem atuar a favor do suspeito porque já representa outras partes envolvidas no massacre. Feller foi designado para o caso pelo IDDD.

Hoje foi o primeiro dia em que o advogado teve contato com o suspeito. "Ele me pareceu um garoto extremamente sincero. Não me pareceu querer esconder nada", disse.

Em razão de ter conhecido o caso hoje, Feller chegou a pedir suspensão da audiência. "Eu era o único [da sala] que não sabia o que estava sendo falado". Por esse motivo, ele pediu que o menor de idade e seus pais ficassem em silêncio.

Os pais estão dispostos a falar, ele está disposto a falar, mas isso não pode ser um teatro.

Marcelo Feller, advogado

Defesa refuta suspeita de planejamento

Para o advogado, apesar de ter tido conhecimento do caso instantes antes da audiência, "é difícil acreditar, numa primeira análise", que ele tenha participado do planejamento do crime em razão de ter enviado uma mensagem a um dos assassinos comentando que um massacre havia acontecido na escola.

"Se a pessoa sabe o que vai acontecer, quem é que vai atirar, a pessoa não avisa essa pessoa: "olha, você sabe o que tão fazendo?"", questionou o defensor do suspeito.

O adolescente foi muito amigo de um dos assassinos até 2016, e ambos tinham voltado a se falar havia poucos meses. "Para mim, ele negou qualquer participação nesse ato."

O advogado tem até sexta-feira (22) para apresentar defesa à Justiça. Uma audiência para oitiva de testemunhas já está marcada para a terça da semana que vem, dia 26.

O advogado chegou a pedir que, em vez da apreensão, o menor de idade ficasse internado em sua casa com tornozeleira eletrônica. O pedido foi indeferido pela juíza Érica Marcelino, do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). Outro pedido como reforço de segurança na internação na Fundação Casa também foi indeferido.

"É uma vida que está em jogo, é uma família despedaçada. Então, precisa ter calma", disse Feller.

Alunos e funcionários voltam a escola Raul Brasil em Suzano

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