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Corpo de criança é achado e sobe para 9 nº de mortos em desabamento no Rio

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

13/04/2019 20h21Atualizada em 13/04/2019 22h27

O Corpo de Bombeiros anunciou por volta das 22h deste sábado que subiu para nove o número de mortos em decorrência do desabamento de dois prédios na Muzema, zona oeste do Rio. O corpo de uma criança, do sexo masculino, foi a última a ser retirada dos escombros. Duas horas antes, o corpo de uma mulher havia sido resgatado. A identidade das duas vítimas anda não foi divulgada.

As equipes de resgate trabalham com a expectativa de que outras 15 pessoas estejam soterradas sob os escombros. A equipe, que conta com mais de cem bombeiros de diversos quartéis da cidade, vai passar a madrugada no trabalho de buscas, sem interromper os trabalhos durante a noite.

Dez pessoas foram retiradas dos destroços com vida até o momento.

No segundo dia de buscas, as equipes ganharam o reforço de mais militares, além de uma escavadeira, cães farejadores, helicópteros e ambulâncias. Segundo os bombeiros, dez pessoas foram resgatadas com vida e outras seis já estavam mortas quando os oficiais as encontraram.

Hoje pela manhã a corporação autorizou os moradores dos prédios vizinhos a entrarem em seus apartamentos para retirarem seus pertences. Segundo relatos de moradores, as pessoas tiveram cinco minutos para reunir o que consideravam mais importante e deixar o edifício. A prefeitura interditou ontem pelo menos três prédios na comunidade.

Segundo o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), os dois prédios que desabaram também haviam sido interditados pelo executivo municipal, mas as determinações não foram respeitadas pelos responsáveis e tanto as obras como a venda dos apartamentos continuaram acontecendo.

"De 2005 até 2019, o poder público entrou com diversos autos de infração, com multas, com edital que foi colado na parede dos prédios. Em fevereiro desse ano a Defesa Civil e o [secretaria de] Meio Ambiente foram lá e interditaram aquela região, determinando que eles saíssem dali porque havia risco de desabamento. Infelizmente as recomendações da prefeitura não foram seguidas", disse o prefeito em entrevista à TV Band.

Apesar de ter demonstrado interesse em construir moradias populares por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, Crivella não apresentou alternativas aos moradores da região para que estes deixassem suas residências.

Tia de menino desaparecido preparava festa

Parentes do menino Fábio Pereira, de 2 anos, e da mãe dele, Ana Flávia Pereira, 35, aguardam desde sexta que os dois sejam retirados dos escombros dos dois prédios que desabaram em Muzema, no Itanhagá, na zona oeste do Rio.

A criança completa 3 anos no dia 19 de julho e, até o desabamento, a família se organizava para realizar uma festa de aniversário para o menino.

A tia dele, Mônica Maria Pereira, 46, contou que não perdeu a esperança de encontrar os parentes vivos. "Eu falei com a minha irmã na quinta-feira. Combinei que daria o bolo da festinha. Tenho fé que eles vão ser encontrados com vida e que vou beija-los e abraça-los muito ainda."

Segundo ela, a irmã estava em casa com o filho. Ela o levaria para a escola ainda pela manhã. Ana Flávia é a caçula de uma família de 12 irmãos. Parte da família deixou a Paraíba e passou a morar no Rio de Janeiro em busca de trabalho.

A irmã estava no local do desabamento desde ontem. Muito emocionada, disse que dormiu apenas três horas de sexta para sábado. "Estou aqui praticamente o tempo todo. Não consigo nem pensar que não darei o bolo do aniversário do meu sobrinho".

Polícia Civil abre investigação sobre queda de prédios

A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu uma investigação para apurar quem são os responsáveis pelo terreno no bairro da Muzema onde dois prédios caíram na manhã de ontem, deixando pelo menos sete mortos e 17 desaparecidos. Peritos também apuram quais os motivos para o desabamento, e o caso está sob os cuidados da 16ª Delegacia Policial da cidade.

As autoridades informaram que moradores e sobreviventes serão ouvidos durante a investigação, mas não confirmaram quando os depoimentos começarão a ser colhidos. A principal suspeita é de que os prédios tenham sido construídos pelo Escritório do Crime, milícia que atua na área operando várias ações ilegais, incluindo uma espécie de imobiliária clandestina.

*Com reportagem de Marcela Lemos, colaboração para o UOL no Rio

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