Bombeiros continuam buscas por desaparecidos após desabamento no Rio
Já dura mais de 24 horas o trabalho do Corpo de Bombeiros, na comunidade da Muzema, no Itanhangá, zona oeste do Rio de Janeiro, onde dois prédios desabaram, deixando sete mortos. O local continua interditado. Os bombeiros fizeram um alerta pedindo que drones não sejam utilizados no local, pois atrapalham o trabalho de resgate das vítimas que está sendo feito com auxílio de helicóptero.
Segundo o coronel Luciano Sarmento, do Corpo de Bombeiros, 17 pessoas ainda estão desaparecidas, e as buscas não foram interrompidas durante a madrugada. "É um trabalho difícil (...) Esse cenário é muito mais propício a encontrarmos vida. A gente pode trabalhar com células, onde essas células têm ali um pequeno habitat onde a pessoa pode se manter viva, respirando", disse.
Realmente o tempo é nosso inimigo, mas temos relatos de pessoas que sobreviveram em desastre de até sete dias. Iremos trabalhar o tempo todo para achar pessoas com vida.
Coronel Luciano Sarmento
Segundo ele, as equipes dos Bombeiros contam com a ajuda de cães farejadores. "Estamos agora com 17 vítimas desaparecidas, 15 vítimas encontradas. Fizemos trabalho a noite toda de mapeamento e organização das operações." Ainda de acordo com o coronel, a área foi dividida em quatro para a realização de buscas. "Estamos trabalhando até o final com a esperança de encontrarmos vidas."
Moradores tiveram minutos para buscar pertences
Pela manhã, a Defesa Civil liberou a entrada de moradores de prédios vizinhos ao que desabaram para que as famílias buscassem pertences.
"Eles deram cinco minutos. Foram cinco minutos para pegar muda de roupa, remédio e documento", contou Maria Larissa, 19, auxiliar de serviços gerais.
Ela disse que saiu de casa para trabalhar e soube do desabamento do prédio vizinho pela televisão. Desde então, não conseguiu retornar para casa. "Eu estou dormindo na casa da minha irmã, e o resto da família, na casa de vizinhos".
Larissa e a família moram na Muzema há um ano. Ela deixou a Rocinha, comunidade da zona sul do Rio, fugindo dos frequentes tiroteios da região.
"Fugimos da violência e agora estamos passando por isso. Estamos sem casa."
A família teme que o imóvel não seja liberado mesmo após o fim do trabalho do Corpo dos Bombeiros.
O secretário municipal de Infraestrutura e Habitação do Rio de Janeiro, Sebastião Bruno, informou ontem que três prédios nos arredores dos outros dois que desabaram foram interditados pelo risco de desabamento e serão demolidos.
À espera de notícias
Parentes passaram à noite no local do desabamento a espera de notícias. É o caso da Márcia Rodrigues. Ela está desde ontem no local a espera do resgate do sobrinho Ruan Amorim Rodrigues, de dez anos, e da mãe dele, Zenilda Bispo Amorim, 31.
"Eu só fui em casa às 4h10 para tomar um banho. Estou à base de café. Aos nossos olhos, parece impossível serem resgatados com vida, mas tenho fé. Para Deus, nada é impossível", afirmou.
Márcia contou que pediu várias vezes que a família deixasse o local por não achar seguro.
"Eles tinham uma opinião diferente da minha. Um dia antes voltei a perguntar quando sairiam daí e não me responderam. O prédio caiu 6h30, eles costumavam sair de casa 7 horas."
Rede de Solidariedade
Católicos da Paróquia São Bartolomeu e evangélicos da Igreja Batista Recomeço se reuniram na manhã de hoje no local do desabamento para distribuir água, café e refeições aos moradores da região que ficaram desabrigados devido aos impactos da chuva.
O grupo também já se organiza para a distribuição de quentinhas para almoço.
"Assim que a gente soube, viemos pra cá para ajudar. Já arrecadamos frutas, alimentos. Estamos nos revezando em equipes da manhã, tarde e noite. Têm famílias abrigadas da igreja", contou Veronica Melo, 25, da Paróquia São Bartolomeu.
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