Após Rede, PSOL entra com ação no STF contra decreto de armas de Bolsonaro
O PSOL entrou hoje no STF (Supremo Tribunal Federal) com uma ação contra o decreto do presidente Jair Bolsonaro (PSL) que expandiu o direito ao porte de arma no país. A Rede, partido também da oposição ao governo, tomou medida similar na quarta (8). Os dois processos têm como relatora a ministra Rosa Weber.
Na ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que levou ao Supremo, o PSOL pede a suspensão imediata do decreto, assinado na terça (7), por meio de decisão liminar (temporária), e que a medida de Bolsonaro seja declarada inconstitucional.
Para o partido, o decreto desrespeita a competência do Congresso e a separação de Poderes. O PSOL também afirma que o texto presidencial "legislou por si somente e, de modo autoritário, unilateral e abusivo", ampliou a posse e o porte de arma "inconstitucionalmente e totalmente avesso ao disposto" no Estatuto do Desarmamento --é essa lei que o decreto pretende regular.
Um exemplo disso, segundo o PSOL, é o trecho do decreto que considera cumprido o requisito de "efetiva necessidade" do porte de arma desde que a pessoa pertença a determinadas categorias profissionais. O partido defende que, na prática, isso revoga a parte do Estatuto do Desarmamento segundo a qual quem pede o porte de arma deve demonstrar a "efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física".
A legenda diz também que o decreto "vem na contramão do combate à violência e segurança pública" e "fere flagrantemente o direito à vida e da dignidade da pessoa, colocando em risco iminente a vida dos brasileiros e de quem vive, trabalha ou passeia no país".
Outro argumento citado para apontar a inconstitucionalidade do decreto é o de que a medida teria extrapolado o poder que o presidente tem por meio de decretos --o de editar decretos para a "fiel execução" da lei.
STF pede explicação do governo
Na quarta, a Rede entrou com uma ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental) contra o decreto na qual apresenta argumentos similares aos do PSOL. Hoje, a ministra Rosa Weber definiu prazo de 5 dias para que o governo Bolsonaro dê explicações sobre a medida.
O decreto também está sendo alvo de questionamentos no Congresso. Consultores da Câmara e do Senado apontaram excessos no texto. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu uma análise de constitucionalidade da medida, e parlamentares --principalmente da oposição-- já apresentaram uma série de projetos para revogá-la.
A Constituição dá ao Congresso o poder exclusivo de "sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa".
Ao assinar o decreto, Bolsonaro negou que a medida desrespeite as leis em vigor. "Nós fomos ao limite da lei. Não inventamos nada nem passamos por cima da lei", afirmou o presidente.
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