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AM quer transferir 10 presos e diz ter mandantes de mortes de 55 detentos

Parentes de detentos protestam e bloqueiam entrada de presídio em Manaus, capital do Amazonas; pelo menos 55 presos morreram nos últimos dois dias - REUTERS/Sandro Pereira
Parentes de detentos protestam e bloqueiam entrada de presídio em Manaus, capital do Amazonas; pelo menos 55 presos morreram nos últimos dois dias Imagem: REUTERS/Sandro Pereira

Rosiene Carvalho

Colaboração para o UOL, em Manaus

27/05/2019 22h49

O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), pediu ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) a transferência de dez detentos para presídios federais, apontados como responsáveis por conflitos que mataram 55 presos em dois dias em Manaus.

Por telefone, o governador em exercício, deputado Josué Neto (PSD), disse ao UOL que até as 22h25 desta segunda, três destes pedidos haviam sido autorizados pela pasta comandada por Sergio Moro, que também anunciou envio de força-tarefa ao estado hoje.

Durante todo o dia, marcado por 40 mortes de detentos em quatro das cinco unidades prisionais masculinas de Manaus, nem o governador, nem o vice, Carlos Almeida Filho (PRTB), estavam no Amazonas.

Wilson Lima viajou para um evento em São Paulo após a chacina de ontem, quando 15 presos foram mortos, sem se pronunciar publicamente sobre o assunto.

Hoje, após a nova chacina, Lima publicou um vídeo em que afirma que "as forças de segurança fizeram uma revista nas unidades prisionais, a recontagem dos presos, separaram aqueles detentos que estavam ameaçados de morte, pelo menos uns 200, e já identificaram os mandantes desses crimes".

O governador também diz que pediu "ao governo federal que eles sejam encaminhados a presídios de segurança máxima".

'Pedimos para encaminhar mandantes à segurança máxima', diz governador

UOL Notícias

Medo de que tensão chegue às ruas

As autoridades do Amazonas não informaram a que facções pertencem os detentos que seriam responsáveis pelas mortes.

Questionado sobre o risco de que essa disputa chegue às ruas de Manaus, o vice-governador Carlos Almeida Filho, por telefone, respondeu:

"Sempre tem essa possibilidade. Por isso, a Secretaria de Segurança Pública está de prontidão total para garantir a segurança da população", afirmou.

Almeida Filho viajou ao Rio de Janeiro para uma agenda na FGV (Fundação Getúlio Vargas). "Estamos implantando medidas de austeridades nos gastos públicos e esta era uma reunião importante para o governo", disse.

Ele diz que chegará por volta de meia-noite em Manaus e que tanto ele quanto o governador Wilson Lima passaram o dia em "contato permanente" com os secretários acompanhando a crise.

O governador em exercício, presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, convocou secretários de Estado, representantes do Ministério Público, Defensoria Pública e órgãos de segurança para uma reunião no CICC (Centro Integrado de Comando e Controle) na noite desta segunda-feira.

Presídio sem mortes

Até ano passado, a Seap (Secretaria da Administração Penitenciária) divulgava em seu site o número de presos e vagas nas unidades prisionais.

Segundo essa relação, apenas o CDPM 2, inaugurado após o massacre de presos do Compaj em janeiro de 2017, não era superlotado.

Essa foi a única unidade que não registrou mortes de detentos entre ontem e hoje. Questionada sobre o porquê da retirada dos dados, a assessoria da Seap informou que são "dados internos".