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Mulheres filmadas agredindo garoto autista são indiciadas por tortura no PA

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

31/05/2019 19h27

As duas mulheres que foram flagradas em um vídeo agredindo um menino de dez anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), em uma clínica de terapia ocupacional no município de Castanhal (PA), região metropolitana de Belém, foram indiciadas ontem pelo crime de tortura. O caso agora sai das mãos da Polícia Civil e irá para o Ministério Público. Se condenadas, elas podem ficar presas de dois a oito anos.

Nas imagens que viralizaram nas redes sociais e chegaram até a polícia no último dia 22 de maio, a terapeuta ocupacional Manoela Caroline Pinheiro da Costa e sua mãe, Marcileia Pinheiro da Costa, dona da clínica A Fazendinha, aparecem agredindo, gritando e ameaçando o garoto com um cinto.

No dia 23, o inquérito foi instaurado pela delegada Lidiane Pinheiro, da Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente (DEACA) de Castanhal e foi solicitada a perícia do vídeo.

Durante a investigação, foram ouvidas 14 pessoas, dentre as quais, as duas acusadas, o menino agredido e a mãe dele. "As acusadas admitiram as agressões, sob alegação de que pretendiam conter a criança", informou a polícia.

A delegada também pediu a fiscalização do centro terapêutico. Agora, o Ministério Público deverá analisar o inquérito de 150 páginas para denunciar ou não o caso à Justiça.

O UOL tentou contato com as acusadas na tarde de hoje, mas ninguém atendeu as ligações na clínica A Fazendinha. Após a divulgação do caso, a clínica suspendeu os atendimentos, segundo vizinhos do local.

As agressões

Nas imagens, o menino mexe em objetos e a terapeuta parece tentar tirá-lo das mãos do garoto. Ele dá um tapa. A profissional revida batendo nele e gritando.

Na sequência, a mãe da terapeuta, que estava sentada no chão, se levanta com um cinto na mão e vai em direção ao menino, pedindo que ele não bata mais em ninguém. Ele responde: "não, mãe. Não, mãe. Parou, parou", pede a criança.

A terapeuta volta a ameaçar a criança e diz: "não é para achar graça".

"Você acha que você é quem para bater nos outros? Você pensa que você é quem?", pergunta a mãe da terapeuta ao garoto.

A criança tenta se livrar, mas é encurralada pela terapeuta, que segura forte o braço do garoto.

A agressão seguida de ameaças teria sido filmada pela mãe de um outro paciente da clínica, que desconfiava do tratamento que o filho vinha recebendo.