Dúvida sobre paternidade pode ter levado suspeito a enterrar grávida viva
A Polícia Civil investiga se o adolescente suspeito de agredir, estuprar e enterrar viva uma grávida, de 17 anos, em Rio das Ostras (RJ), agiu motivado por uma dúvida sobre a paternidade da criança. Os dois mantinham um relacionamento, mas não eram namorados e segundo a polícia, ele desconfiou que um outro jovem poderia ser o pai do bebê.
Segundo o delegado Ronaldo Cavalcante, após o crime, o garoto teria se escondido no Complexo da Maré, comunidade na zona norte da capital do Rio. O jovem teria envolvimento com o tráfico de drogas, de acordo com Ronaldo, e continua foragido desde o crime ocorrido em 11 de junho.
"Talvez o motivo dele ter feito o que fez, foi justamente não ter certeza de que era o pai. Até onde a gente sabe, o pai poderia ser um rapaz de outra facção criminosa", informou o delegado, que explicou que o suspeito não é de Rio das Ostras. "Ele passa períodos aqui", disse.
Na mesma semana que ocorreu o crime, a Justiça concedeu mandado de busca e apreensão contra o adolescente. Ele vai responder por fato análogo a tentativa de homicídio e estupro.
Uma menina, também menor de idade, acusada de participação no crime já foi apreendida. Ela seria amiga da vítima e teria armado uma emboscada para a garota e levado ela até o encontro do rapaz por sentir ciúmes dos dois.
O delegado Carmelo Santalucia disse ao UOL, no último dia 14, que a amiga admitiu ter conhecimento das intenções do adolescente.
"Essa menina [amiga da vítima] a levou para uma festa. Ela já sabia das intenções do rapaz de cometer o crime. Ela armou uma emboscada para a vítima. Ela deu um depoimento longo e muito contraditório, mas acabou confessando", afirmou Carmelo.
O delegado afirmou ainda que a adolescente grávida chegou a entrar em luta corporal com o agressor e que para se proteger, ela chegou a morder o adolescente, arrancando um pedaço do dedo dele. A menina foi agredida com um pedaço de madeira na cabeça e tinha sinais de esganadura. Após desmaiar, a vítima foi enterrada na Praia do Bosque em Rio das Ostras.
Segundo a polícia, ao recuperar os sentidos, a jovem conseguiu deixar o buraco e buscar ajuda de um pedestre na orla. Ela foi encaminhada para um hospital da região onde "passou por exames médicos que confirmaram a gravidez e também foi medicada para prevenção de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis)", informou o hospital.
Ela já recebeu alta hospitalar e prestou depoimento nesta terça-feira (25). No entanto, a vítima não contribuiu com muitas informações por medo de represálias, de acordo com a polícia. A mãe da adolescente também prestará depoimento.
Polícia investiga se vítima estava grávida
A gravidez da jovem foi confirmada, através de nota pela Prefeitura de Rio das Ostras que acompanhou o caso. No entanto, a polícia informou que os exames que comprovam a gestação não foram enviados para a delegacia que investiga o crime.
De acordo com o delegado Ronaldo Cavalcante, devido a ausência de provas que indiquem a gravidez, a polícia também trabalha com a hipótese de a adolescente ter mentido sobre a gestação. No entanto, Ronaldo explica que essa informação não é importante para efetuar a prisão do agressor.
"Não foi enviado nenhum documento médico para unidade policial atestando essa condição. A menor que foi apreendida disse que ela [a vítima] estava grávida e a mãe corroborou com essa informação. Há possibilidade que ela tenha mentido sobre a gravidez, o que não é incomum jovens se valerem desse artifício para prender namorado. A vítima também não colabora com informações e não fala com a gente. Vamos agora ouvir a mãe e amigos para tentar confirmar essa condição, mas isso não é relevante", disse.
Procurada, a prefeitura de Rio das Ostras ainda não se manifestou sobre o envio dos exames para a Polícia Civil.
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