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Torturada até morrer, jovem de 14 anos era ameaçada por suspeita de 15 anos

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

27/06/2019 12h18

A adolescente de 14 anos que foi assassinada durante tortura praticada supostamente por duas outras adolescentes, de 15 anos, na praia de Maria Farinha, em Paulista (região metropolitana de Recife), na terça-feira (25), já teria sido agredida por uma das meninas, segundo a família da vítima.

A garota teve um relacionamento amoroso por dois anos com uma das acusadas do assassinato e, segundo a mãe da vítima, Gerlane Sortero, ela tinha marcas de agressões no corpo supostamente praticadas pela suspeita. De acordo com a investigação, a ex-namorada alega ter sido traída como um dos motivos para o crime.

"Minha filha não me contou que tinha ameaça de morte, mas, vez ou outra, dizia que a menina queria reatar. Ela ficava perturbando quando sabia que minha filha estava com o namorado. A gente não gostava dela por conta do caráter estranho, era violenta. Minha menina tem várias cicatrizes nos braços das agressões", diz Gerlane.

Os pais da vítima relataram que a filha teria mudado o comportamento se tornando "rebelde", depois que passou a namorar com uma das suspeitas do assassinato. A mãe da garota lembra que havia um mês que a filha voltou a morar com ela, passou a namorar um rapaz e tinha retornado a frequentar a escola.

Minha filha virou a cabeça quando começou a namorar essa menina. Passava dias sem a gente saber onde estava, precisávamos procurar orientação no Conselho Tutelar. Ela não ia à escola também. Resgatei minha filha, ela era uma menina boa, sem maldade. Reconheço que ela era rebelde, mas era influenciada pelo namoro. Não aprovávamos o namoro, não porque era uma menina, mas era a conduta
Gerlane Sortero, mãe da adolescente morta após ser torturada

O crime foi filmado por uma das suspeitas e tem duração de oito minutos. As cenas da tortura são assustadoras. Nas imagens, a adolescente foi agredida com socos e também teve os cabelos puxados. Em um certo momento, as imagens mostram a camisa dela ensanguentada. Durante as agressões, as suspeitas tentam afogar a vítima, algumas vezes.

Depois, a vítima é jogada contra uma pedra e, por fim, a adolescente que filma a cena dá várias facadas na nuca da menina. O vídeo é finalizado coma chegada de uma mulher, que grita perguntando: "o que vocês fizeram com a menina?". Em seguida, outra pessoa diz que vai chamar a polícia.

Perícia em praia - Reprodução/TV Jornal - Reprodução/TV Jornal
Policiais fazem perícia no local da morte de adolescente de 14 anos
Imagem: Reprodução/TV Jornal
A menina foi encontrada morta na praia, vestindo o uniforme escolar. O corpo dela foi enterrado na tarde de ontem, no cemitério de Santo Amaro, em Recife. Durante o enterro, familiares e amigos da adolescente pediram justiça para o caso.

As duas suspeitas do crime foram apreendidas pela Polícia Militar e levadas para a delegacia de Maria Farinha. A dupla foi autuada em flagrante por ato infracional análogo a homicídio. Elas foram encaminhadas para a Uniaui (Unidade de Atendimento Inicial), no bairro da Boa Vista, centro do Recife. Por questões de segurança, a Funase disse que as suspeitas estão em alojamentos separados.

De acordo com a Funase, as duas já tinham passagens pela instituição em 2017 e em 2018. A polícia explicou que elas responderam por ato infracional análogo a tentativa de homicídio e roubo na ocasião.

O delegado Álvaro Muniz disse que tentou por cinco horas ouvir as duas adolescentes, mas, segundo ele, elas estavam sob efeito de drogas e ainda agressivas. "Por mais que elas digam que houve uma questão de traição, que era ciúmes, nada justifica a maneira que a vítima foi executada. Ela não teve qualquer chance de defesa", informou, destacando que as suspeitas filmaram o crime com o propósito de divulgar a tortura. "Uma filma enquanto a outra agride a vítima. Depois as duas participam e a filmagem continua. Elas gravaram pensando em mostrar o que fizeram", explicou.