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Problemas acontecem, diz Bolsonaro sobre presos mortos em transferência

Adriano Machado/Reuters
Imagem: Adriano Machado/Reuters

Luciana Amaral

Do UOL, em Anápolis (GO)

31/07/2019 12h26Atualizada em 31/07/2019 15h06

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que "problemas acontecem" ao falar sobre os quatro presos assassinados dentro de um caminhão ao serem retirados de Altamira, no Pará. Eles haviam sobrevivido ao massacre do presídio de Altamira, onde 58 detentos morreram na última segunda-feira, e teriam sido sufocados no trajeto.

"Com toda certeza, deviam estar feridos, né? É como uma ambulância quando pega pessoa até doente no caminho pode vir a falecer", disse Bolsonaro ao ser informado sobre as mortes. Questionado pelo UOL se o governo federal pretende enviar alguma ajuda para conter a crise, o presidente avaliou a possibilidade, mas disse que "problemas acontecem".

"Ajuda para quem? Tem o fundo penitenciário. Agora, pessoal, problemas acontecem, tá certo? Se a gente puder conversar com o (Sergio) Moro (ministro da Justiça e Segurança Pública) nesse sentido...", afirmou o presidente, após participar de um evento em Anápolis (GO) na manhã de hoje.

Em seguida, o pesselista voltou a defender o trabalho forçado para presos e disse sonhar com presídios agrícolas no Brasil. Ele afirmou que tem conhecimento de iniciativas de trabalho dentro de presídios, mas gostaria que o governo tivesse mais autoridade em cima do preso e citou os EUA como exemplo.

"Eu sonho com presídio agrícola. É cláusula pétrea, mas queria que tivesse trabalho forçado no Brasil para esse tipo de gente, mas não pode forçar a barra. Ninguém quer maltratar o preso, nem quer que sejam mortos, mas é o habitat deles, né? Fico com muita pena, sim, dos familiares, das vítimas que esses caras fizeram. A gente espera que esteja resolvida essa questão", concluiu sem especificar qual medida pretende tomar para alterar a legislação sobre o tema.

O massacre

De acordo com informações da Susipe. Uma rebelião na manhã de hoje deixou 57 presos mortos, 16 deles decapitados, no Centro de Recuperação Regional de Altamira. Dois agentes prisionais chegaram a ser mantidos reféns, mas foram liberados no final da manhã, depois de negociação envolvendo policiais civis e militares e promotores de Justiça.

Segundo Vasconcelos, o presídio foi palco de "uma guerra entre facções criminosas". "Tratou-se de uma guerra de facções. Em Altamira, há uma facção local chamada Comando Classe A (CCA) e que divide o presidio com integrantes do Comando Vermelho, e que foram esses vítimas desse ato praticado pelos integrantes da organização criminosa CCA", disse o secretário em coletiva.

O ataque ocorreu, segundo o secretário, logo após as celas serem destrancadas para o café da manhã. "O Comando Classe A rompeu o seu pavilhão e rompeu o pavilhão do Comando Vermelho. Foi um ataque de certa forma rápido, dirigido a exterminar os integrantes rivais", disse o secretário. "Eles [integrantes do CCA] entraram, colocaram fogo, mataram e pararam o ataque. Foi um ataque dirigido, localizado."

O CCA tornou-se recentemente aliado ao PCC (Primeiro Comando da Capital), que disputa com o Comando Vermelho a liderança dos presídios no Brasil.

Vídeo mostra fogo em presídio de Altamira (PA)

UOL Notícias

Ferrovia para facilitar agronegócio

Jair Bolsonaro foi a Anápolis (GO) hoje de manhã assinar contrato de concessão de trecho da Ferrovia Norte-Sul que abrange 1.537 km de Porto Nacional (TO) até Estrela D`Oeste (SP).

O leilão foi realizado em 28 de março pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e vencido pela empresa Rumo Logística. O trecho foi arrematado por R$ 2,7 bilhões pelo período de 30 anos. Parte deverá ser finalizada até o final do ano. Outra está prevista para entrar em operação plena em 2021.

Ao chegar acompanhado de ministros e do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), Bolsonaro visitou uma locomotiva em exposição no local, vestiu colete refletor usado por funcionários e entrou no trem para tirar fotos.

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse que a implementação efetiva da Ferrovia Norte-Sul é o início de uma mudança na matriz do transporte brasileiro e ressaltou que as linhas foram pensadas pela primeira vez pelo imperador Dom Pedro 2º.

A intenção é que a ferrovia escoe produtos da indústria de São Paulo para a região Centro-Oeste e transporte grãos de Tocantins, Goiás e Mato Grosso ao porto de Santos, onde são exportados.