Militar preso por tráfico em avião oficial tinha R$ 40 mil em casa, diz IPM
Resumo da notícia
- Sargento da Força Aérea foi preso com cocaína em voo da comitiva de Bolsonaro
- Em inquérito militar, testemunha cita retirada de R$ 40 mil da casa do militar após caso
- Esposa do acusado teria movido dinheiro vivo antes do local ser alvo de buscas
A mulher do sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues retirou de casa R$ 40 mil em dinheiro vivo um dia após o marido ser preso com 39 kg de cocaína ao desembarcar em Sevilha (Espanha) de um avião reserva da comitiva do presidente Jair Bolsonaro.
A informação consta no IPM (Inquérito Policial Militar) aberto pela Aeronáutica que concluiu pelo indiciamento de Rodrigues por tráfico de drogas.
Wikelaine Rodrigues, mulher do sargento detido na Espanha, teria retirado a quantia quatro dias antes de a Justiça Militar ter autorizado um mandado de busca e apreensão na residência do casal em Brasília, em maio.
Os investigadores militares recomendaram também que a PF (Polícia Federal) apure se o casal cometeu o crime de lavagem de dinheiro.
A polícia espanhola avaliou a carga de cocaína encontrada com o sargento em pouco mais de 1,4 milhão de euros (cerca de R$ 6,4 milhões)
Denúncia anônima
A retirada do dinheiro feita por Wikelaine foi denunciada anonimamente à Polícia Civil do Distrito Federal, que por sua vez fez chegar a informação à Aeronáutica.
"Wikelaine encontrou muito dinheiro em sua casa e estaria tentando tirar esse dinheiro de lá", confirmou Pâmella Silva, em depoimento na condição de testemunha. Ela é casada com um primo do investigado, o também sargento da Aeronáutica Carleon Rodrigues. Pâmella e Carleon não são suspeitos de tráfico de drogas.
De acordo com seu relato, Pâmela viu que "tinha aproximadamente R$ 40 mil" e acrescentou ainda que o dinheiro primeiro foi guardado em sua casa e depois levado por ela à casa da ex-mulher de Rodrigues, na Asa Sul, também em Brasília. Não há no IPM menção de conduta criminosa da parte de Pâmela.
O advogado do sargento, Carlos Klomfahs, afirmou que "não há provas de que isso tenha acontecido". O defensor acrescentou que Wikelaine não foi convocada a depor no IPM da Aeronáutica. No relatório final da investigação, não há menção sobre depoimento da mulher do sargento detido.
O UOL ligou ao menos quatro vezes para o celular dela, mas ninguém atendeu.
A Justiça espanhola ainda não permitiu que a PF e a Aeronáutica interrogassem o sargento detido em Sevilha (veja mais abaixo).
Bens incompatíveis
O resultado da busca e apreensão no apartamento do investigado revelou que ele possuía uma coleção de relógios, um celular avaliado em R$ 7.000 e eletrodomésticos caros que pareciam recém-adquiridos.
Os investigadores da PF descobriram também que o militar comprou em maio uma moto por R$ 32 mil. A compra foi feita em dinheiro. A PF avalia que estes são indícios de que o segundo sargento tinha posses acima de seus rendimentos mensais.
"Foi desconsiderado que ele recebia diárias em dólares quando viajava fora do país e, sendo assim, poderia arcar com os custos dos eletrodomésticos novos, Ele chegava a receber R$ 14 mil junto com as diárias", disse Klomfahs. O defensor afirma também que o relato da quebra de sigilo bancário não consta no processo.
Autoridades ainda não ouviram Rodrigues
Klomfahs afirma que a investigação contra Rodrigues no Brasil cometeu uma série de irregularidades.
"A Aeronáutica não ouviu o sargento antes de encerrar o Inquérito Policial Militar. E não há provas de que meu cliente esteja envolvido em tráfico de drogas. Ele não sabia que havia cocaína em sua bagagem."
O defensor diz ainda que ele não deveria ser investigado, já que existe um inquérito aberto na Espanha sobre o mesmo fato.
"O STF já decidiu que você não pode ter duas jurisdições julgando os mesmos fatos. Entramos com recurso para obter essa decisão."
Procurada, a Aeronáutica informou que o IPM está em sigilo e que "os autos foram encaminhados para a Auditoria Militar competente, que envia para o Ministério Público Militar, a quem cabe promover eventual ação penal, conforme determina o Código Processo Penal Militar."
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