Topo

Vida de luxo e lancha de R$ 6 mi levaram polícia à prisão de líder do PCC

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

15/09/2019 15h53Atualizada em 16/09/2019 09h39

Foi a ostentação de uma vida de luxo que levou a Polícia Civil a André de Oliveira Macedo, 42, o André do Rap, um dos principais lideres do PCC (Primeiro Comando da Capital). Preso na manhã de hoje, ele coordenava a exportação de cocaína da facção para outros continentes e estava foragido desde 2014. Segundo a polícia, ele tinha como base a cidade de Santos (SP) e, mantinha casas de veraneio em Angra dos Reis (RJ).

André do Rap foi localizado após comprar uma lancha de 60 pés avaliada em R$ 6 milhões, que era mantida sob os cuidados de três marinheiros em Angra dos Reis, no litoral fluminense. Utilizando laranjas para usufruir de bens de luxo, Macedo usou o nome de um empresário que tinha apenas uma moto barata como bem. A lancha não era compatível com seus ganhos.

"Ele vendeu uma lancha mais antiga há 30 dias por R$ 3,5 milhões e comprou essa mais nova. Mas ele diz que não é dele. Ela está em nome de um empresário. Esse empresário tem uma moto CG. Como que alguém que tem uma moto CG tem uma lancha de R$ 6 milhões? A gente acredita que ele usava laranjas", afirmou Fabio Pinheiro Lopes, delegado da Dope (Divisão Antissequestro do Departamento de Operações Policiais), ao desembarcar no hangar da Polícia Civil no aeroporto Campos de Marte, em São Paulo.

O delegado afirmou que chegou a André do Rap depois de seguir o paradeiro da lancha, e que recebeu apoio de agentes internacionais, da Itália e dos Estados Unidos, na busca. O traficante foi levado de Angra dos Reis para São Paulo de helicóptero, sob acompanhamento do delegado.

"Começamos a buscá-lo há mais ou menos três meses e, na última quarta-feira, recebemos a informação de que ele estaria em Angra dos Reis. Ontem, recebemos a informação de que o barco estava lá, mas não tínhamos a confirmação visual dele. De madrugada, descemos com 23 policiais. Ele estava com dois comparsas. Os três procurados pelo mesmo processo de tráfico internacional, condenados a quase 15 anos de prisão", disse.

Com ele, também havia um helicóptero avaliado em R$ 7 milhões, além de outro helicóptero parado em São Paulo. A casa em que ele estava havia sido alugada por ele havia um ano e meio. Tinha ainda mais seis meses de contrato. O aluguel custava R$ 20 mil por mês.

"Mas ele ainda tinha uma outra casa, muito melhor, em Angra, mas que era mais afastada. Então, ele não se sentia seguro", disse o delegado. Mais cedo, a polícia informou que essa casa valia R$ 22 milhões.

"Era a casa de veraneio dele. O QG dele era em Santos. Mas disse que viajava o Brasil inteiro e que morou por muito tempo na Holanda e em Portugal. Lá, não tinha armamento porque ele se dizia empresário", afirma o delegado. Na hora da prisão, segundo Lopes, André do Rap foi encontrado acompanhado de "empregados, três marinheiros, muita bebida, muita comida, estava com várias mulheres".

Ao todo, André do Rap ficou por sete anos preso. Desde 2014, estava foragido por uma condenação pelo crime de tráfico internacional de drogas. "No tráfico de drogas internacional, ele era o número um no Brasil. Agora, na hierarquia dentro do PCC, da cadeia de comando, eu não posso afirmar", apontou Lopes.

Ele é considerado um dos cabeças do tráfico internacional de cocaína no Brasil. "Essa droga ia, a partir do porto de Santos, para a região da Calábria, no sul da Itália, no porto chamado Joia Tauro. E, de lá, era distribuída para a Europa inteira. A gente acredita que ele possa ter elo com os mafiosos da Calábria presos na Praia Grande em julho", revelou o delegado.

A Polícia Civil apura, agora, eventuais crimes de lavagem de dinheiro que estariam sendo praticados por ele em São Paulo. A pratica da lavagem, ainda rudimentar, é o único ponto que falta, segundo o MP (Ministério Público), para que o PCC tenha status de máfia ou cartel.