"Mude sua política de atirar", pede pai da menina Ághata a Witzel
Adegilson Felix, pai da menina Ághata Félix, de 8 anos, morta por uma bala perdida durante ação policial no Complexo do Alemão, no Rio, pediu que o governador Wilson Witzel (PSC) mude sua política de segurança pública.
"Governador mude essa sua política de atirar. O que aconteceu com a minha filha pode acontecer com qualquer um", disse o pai chorando durante entrevista a Fátima Bernardes no programa Encontro de hoje.
Ághata foi morta com um tiro de fuzil nas costas na última sexta-feira (20). Ao lado da mulher, Vanessa Francisco Sales, o casal lembrou momentos felizes ao lado da filha e da falta de segurança com que lidavam no dia a dia.
"Não consegui. A minha lágrima não saia. Não saia lágrima nenhuma. A minha filha... Não acredito que estava acontecendo o que eu mais temia. E minha filha deu dois suspiros...", disse Vanessa interrompendo a fala, emocionada, ao lembrar do momento em a filha era levada para o Hospital Getúlio Vargas.
Ela contou que a rotina de tiroteios no local é frequente. E que na semana passada, a família havia passado por mais uma situação de apreensão.
"Teve um dia que a gente se escondeu no box do banheiro. Eu peguei um edredom e um travesseiro. E duas vezes naquela semana ela ficou muito assustada e me abraçou muito forte. A gente não entende na hora", contou Vanessa. "Ficamos abraçadas durante um tempo. Ela era perfeita. E foram muitas horas. Hoje (o tiroteio) dura muitas horas".
Nitidamente abalada e tremendo, a mãe relatou vários momentos da menina, que adorava as aulas de dança e de xadrez.
Sobre o dia em que Ághata foi morta, o pai da menina relatou que não havia confronto no momento. "Foi do nada e também sem acontecer nada", disse ele ao falar sobre os disparos.
"Éramos oito pessoas na kombi, saíram seis. Uma pessoa foi abrir a mala. Eu coloquei a Ághata aqui [ao lado] e veio um tratatata (som de metralhadora). Ághata dizia: 'Mãe, mãe'. E ela parou, estabilizada. Eu achei que ela estava só assustada", contou Vanessa.
A mãe revelou que a família pensava em se mudar para outra área do bairro por conta da segurança e relembrou o único desejo da filha que não conseguiu realizar: dar a ela um gibi da Turma da Mônica adolescente.
Em sua versão, a PM sustenta que havia confronto com traficantes perto do local onde a menina foi morta. A Divisão de Homicídios da Capital investiga o caso.
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